Em Julho, dentro e fora de portas, da declaração de amor de The Legendary Tigerman ao Chão Vermelho da violoncelista Joana Guerra
A programação do Salão Brazil para o mês de julho é marcada por uma atividade intensa, dentro e fora de portas. Até ao final do mês, o clube da Baixa de Coimbra vai promover 12 concertos, dos quais 2 decorrem fora de portas, no Jardim Botânico da Universidade de Coimbra.
O mês abriu com concertos de dUASsEMIcOLCHEIASiNVERTIDAS (dia 2), Diogo Alexandre Bock Ensemble (dia 4). No dia 7, os Birds Are Indie (dia 7) deram continuidade ao ciclo de concertos Salão Azul, co-promovido com a Blue House e que revertem para o esforço solidário que a União Audiovisual tem vindo a desenvolver no sentido de mitigar os efeitos da pandemia junto dos profissionais da cultura.
No dia 10 de julho, o Salão acolhe uma das primeiras apresentações ao vivo do novo trabalho de Gustavo Costa, lançado há apenas uma semana. Figura de relevo do panorama da música exploratória nacional desde a década de 90, Costa manteve um interesse paralelo no mundo académico, tendo lecionado também em várias instituições de ensino superior em Portugal. Ao longo das últimas três décadas, integrou inúmeras bandas e formações das mais variadas expressões. “Entropies and Mimetic Patterns” é o primeiro trabalho a solo do co-fundador da Sonoscopia com o instrumento que o
acompanha desde criança: a bateria e a percussão.
No dia 14 de julho, a segunda sessão de Salão Azul de Julho tem como protagonistas os From Atomic, banda de Coimbra, criada em 2018 por Alberto Ferraz e Sofia Leonor. A sua sonoridade resulta de uma perfeita simbiose entre a pop vanguardista dos anos 80 e o indie-noise dos anos 90. Em Março de 2020 aconteceu o lançamento, pela conimbricense Lux Records, do seu primeiro álbum “Deliverance”, gravado e produzido nos estúdios da Blue House.
No dia 15 acontece a primeira incursão no Jardim Botânico, com a apresentação de “Glaciar”, segundo disco a solo do guitarrista Marcelo dos Reis. Radicado em Coimbra, nos últimos anos tem vindo a afirmar-se no panorama nacional e internacional. Em 2017, foi considerado músico do ano na revista jazz.pt e em 2020 foi considerado um dos mais influentes músicos/improvisadores dos anos 2010’s pela prestigiada publicação Free Jazz Blog Collective. Inspirado numa residência artística nos Alpes Suíços, “Glaciar” representa uma nova abordagem do músico, uma viagem lírica de forte componente cinemática, onde as composições refletem o espaço e som de uma movimentação milenar.
No dia 20 de Julho, terça-feira, The Legendary Tigerman regressa ao Salão no |ambito da pequena digressão intitulada “Fix of Rock’n’Roll”, que decorre entre 19 e 23 de Julho. Este projecto é uma declaração de amor de Paulo Furtado aos Clubes, que foram essenciais na sua construção enquanto pessoa e artista, e pretende ser o seu contributo para a sobrevivência do sector. Todos os concertos serão transmitidos em directo no Instagram de The Legendary Tigerman, sem bilhetes associados mas com um convite para realizar donativos através deste link https://bit.ly/2TA1UNS , que serão distribuídos
em três partes iguais: entre a União Audiovisual, os clubes e o artista. Também os bilhetes para os concertos terão as suas receitas divididas com os clubes.
No dia 21 de julho, há dose dupla de concertos, primeiro às 18h00, na Baixa de Coimbra,com mais um Salão Azul, desta feita com a participação de Filipe Furtado Trio, que apresentará temas de “Prelúdio”, disco de 2020 que vem confirmar o talento do jovem músico residente em Coimbra. Depois de terminado o showcase, será tempo de rumar ao Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, onde às 19h00 terá início o concerto do novíssimo quarteto do trompetista português Luís Vicente. A seu lado estarão os norte- americanos Luke Stewart (contrabaixo) e John Dikeman (sax tenor). O banco da bateria será ocupado pelo holandês Onno Govaert. Com uma trajetória absolutamente excepcional, Vicente é hoje em dia um músicos amplamente requisitado no panorama europeu, com fortes parcerias firmadas em França, Bélgica e Holanda.
A derradeira data do Salão Azul no mês de Julho - dia 28 - pertence aos Lunar Drone. O concerto marca o encerramento deste ciclo de concertos solidário por onde passaram 11 grupos com a curadoria da Blue House. Além do Salão Brazil, estiveram envolvidos nesta iniciativa a Music Light e a Associação de Músicos e Técnicos que se uniram com o objectivo de promover showcases de acesso gratuito, mas com a oferta de bens alimentares destinados ao grande número de profissionais da área audiovisual que ficaram sem trabalho, devido à enorme redução do número de espectáculos realizados.
Quase a terminar o mês, na quinta-feira, dia 29, João Cabrita atua mais uma vez no palco do Salão, desta feita apresentando um trabalho em nome próprio. Figura conhecida pelo seu trabalho com grupos e artistas como Sitiados, Despe e Siga, Sérgio Godinho, Dead Combo, The Legendary Tigerman, Cacique 97 e Cais Sodré Funk Connection, João Cabrita apresenta CABRITA, disco gravado em sexteto e onde as fronteiras entre o rock e o jazz se esbatem.
O derradeiro concerto do mês (dia 30) pertence a Joana Guerra, que apresenta o seu quarto álbum, com o título “Chão Vermelho”. Com Joana Guerra (voz e violoncelo) estarão Maria do Mar (violino) e Carlos Godinho (percussão). Como murmúrio ou oração pagã, as peças evocam a possibilidade sempre iminente de regeneração: “O nome do álbum inspira-se na zona onde vivo, de solo lamacento. Isso me fascina muito, embora a seca e suas fissuras me deixem mal”, explica Joana. “Talvez porque o chão que cobre a terra, como uma pele de fissuras profundas, ateste o cansaço, as rugas, da civilização.”
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