Um convite do crítico musical e programador português André Gomes com intenção unir artistas do Brasil e de Portugal para comporem juntos levou a dupla HAĒMA (PT), formada por Susana Nunes e Diana Cangueiro e a artista Papisa (BR) para a mesma estrada. O resultado é a canção e o videoclipe “Fortuna”, feitos a diferentes mãos entre os dois países, desdobrando-se em obras complementares. O videoclip de “Fortuna” pode ser visto aqui.
A letra, da autoria de Susana e de Rita Oliva - idealizadora de Papisa -, traz-nos a atmosfera poética a que HAĒMA nos vem habituando desde o seu disco de estreia “Preamar” (Kambas Records; 2018) e que, aqui, abraça com garra a linguagem artística de Papisa, através da sensação de impermanência sem posse ou apego. “Tem um pouco de caos e incómodo e a sensação de libertação do que nos aprisiona, indo mais para o centro das coisas, para o que é essencial”, revela Papisa. A voz que abre a faixa é de Cecília Gallindo Cornélio, amiga de Susana, que acabou também por filmar e figurar no clipe. “Surgiu de um projeto que eu realizava sobre casa e intimidade. Entrevistei vários amigos no sofá da minha antiga casa, em Lisboa, e a Cecília trouxe esta linguagem potente e libertadora”, diz-nos Susana.
Já a construção sonora, feita remotamente entre trocas de ideias, áudios e projetos no programa Ableton Live, apresenta camadas que evoluem progressivamente numa envolvente experiência musical que lembra as composições da ousada pérola da música popular brasileira Beto Guedes, Danilo Caymmi, Novelli e Toninho Horta e da canção portuguesas, com âncora em autores como Fausto, José Mário Branco e Luís Pedro Fonseca, cuja escrita foi tantas vezes interpretada por Lena d’Água, e inspirações internacionais como são as de Jenny Hval e Björk. Um processo de composição feito quase todo à distância poderia ser complicado, mas para HAĒMA “a música foi sendo construída e ganhando forma progressivamente de maneira natural: um pouco à semelhança de quem caminha numa floresta, a descobrir elementos novos ao longo do caminho.”
Após finalizarem remotamente a música, as artistas encontraram-se presencialmente em Portugal, onde gravaram o videoclipe da canção. O clipe foi filmado na emblemática serra de Sintra, onde a paisagem evoca o seu característico imaginário místico e sutil, impresso musicalmente neste single. O processo de filmagem foi feito em colectivo, “com todo mundo dando ideia e fazendo o que podia pra coisa rolar”, afirma Papisa, e contou com as participações de Juli Baldi e Cecília Gallindo Cornélio. Depois de um tempo com o material inédito guardado, em 2021 Gabriel Rolim assumiu a edição do clipe e deu o tom do lançamento audiovisual, impulsionando Papisa e HAĒMA a soprar “Fortuna” pelos quatro ventos.
Os ventos de HAĒMA tinham já começado a levar uma nova noção de portugalidade e de raízes quando, em 2020, trabalharam na primeira parceria artística internacional. Essa primeira viagem foi feita com o galego Baiuca e daí resultou “Adélia”. A viagem além fronteiras começou sendo uma viagem de ida e volta entre a tradição galego-portuguesa e o imaginário da dance music do futuro de um estilo mais frio e imperecível.
FICHA TÉCNICA FORTUNA
Gravado e produzido por HAĒMA e Papisa.
Misturado por Roberto Kramer.
HAĒMA
Susana Nunes (voz, electrónica) e Diana Cangueiro (teclados, electrónica) são cúmplices nas HAĒMA. O duo de electrónica tem mais que uma gaveta onde repousar, traz pela mão a influência do trip-hop, do jazz e da música concreta, procurando sempre um lado orgânico nas suas criações repletas de constelações rítmicas.
Editaram em 2018 o seu primeiro álbum — “Preamar” — com carimbo da Kambas Records, produzido com a colaboração de Fred Ferreira. Falam-nos em português e desde aí contando histórias adocicadas sobre o mar e o amor, vindas de um mundo mítico onde há peixes que voam, mulheres que esperam e astros que param de girar.
Papisa
Papisa é o projeto da cantora, compositora, instrumentista e produtora paulista Rita Oliva. Em 2016 ela despontou após o lançamento de seu primeiro EP, homônimo. Com repertório baseado neste projeto e outras canções autorais, Papisa se apresentou em alguns dos principais palcos brasileiros de lá pra cá, como dos festivais Bananada, Picnik e Contato, e também fora do país, participando do prestigiado festival estadunidense SXSW. Em 2019, ela lançou seu primeiro disco cheio, Fenda, com canções autorais que abordam a impermanência do tempo e os ciclos de vida e morte. Fenda ganhou versão remix em 2020.
Já a construção sonora, feita remotamente entre trocas de ideias, áudios e projetos no programa Ableton Live, apresenta camadas que evoluem progressivamente numa envolvente experiência musical que lembra as composições da ousada pérola da música popular brasileira Beto Guedes, Danilo Caymmi, Novelli e Toninho Horta e da canção portuguesas, com âncora em autores como Fausto, José Mário Branco e Luís Pedro Fonseca, cuja escrita foi tantas vezes interpretada por Lena d’Água, e inspirações internacionais como são as de Jenny Hval e Björk. Um processo de composição feito quase todo à distância poderia ser complicado, mas para HAĒMA “a música foi sendo construída e ganhando forma progressivamente de maneira natural: um pouco à semelhança de quem caminha numa floresta, a descobrir elementos novos ao longo do caminho.”
Após finalizarem remotamente a música, as artistas encontraram-se presencialmente em Portugal, onde gravaram o videoclipe da canção. O clipe foi filmado na emblemática serra de Sintra, onde a paisagem evoca o seu característico imaginário místico e sutil, impresso musicalmente neste single. O processo de filmagem foi feito em colectivo, “com todo mundo dando ideia e fazendo o que podia pra coisa rolar”, afirma Papisa, e contou com as participações de Juli Baldi e Cecília Gallindo Cornélio. Depois de um tempo com o material inédito guardado, em 2021 Gabriel Rolim assumiu a edição do clipe e deu o tom do lançamento audiovisual, impulsionando Papisa e HAĒMA a soprar “Fortuna” pelos quatro ventos.
Os ventos de HAĒMA tinham já começado a levar uma nova noção de portugalidade e de raízes quando, em 2020, trabalharam na primeira parceria artística internacional. Essa primeira viagem foi feita com o galego Baiuca e daí resultou “Adélia”. A viagem além fronteiras começou sendo uma viagem de ida e volta entre a tradição galego-portuguesa e o imaginário da dance music do futuro de um estilo mais frio e imperecível.
FICHA TÉCNICA FORTUNA
Gravado e produzido por HAĒMA e Papisa.
Misturado por Roberto Kramer.
HAĒMA
Susana Nunes (voz, electrónica) e Diana Cangueiro (teclados, electrónica) são cúmplices nas HAĒMA. O duo de electrónica tem mais que uma gaveta onde repousar, traz pela mão a influência do trip-hop, do jazz e da música concreta, procurando sempre um lado orgânico nas suas criações repletas de constelações rítmicas.
Editaram em 2018 o seu primeiro álbum — “Preamar” — com carimbo da Kambas Records, produzido com a colaboração de Fred Ferreira. Falam-nos em português e desde aí contando histórias adocicadas sobre o mar e o amor, vindas de um mundo mítico onde há peixes que voam, mulheres que esperam e astros que param de girar.
Papisa
Papisa é o projeto da cantora, compositora, instrumentista e produtora paulista Rita Oliva. Em 2016 ela despontou após o lançamento de seu primeiro EP, homônimo. Com repertório baseado neste projeto e outras canções autorais, Papisa se apresentou em alguns dos principais palcos brasileiros de lá pra cá, como dos festivais Bananada, Picnik e Contato, e também fora do país, participando do prestigiado festival estadunidense SXSW. Em 2019, ela lançou seu primeiro disco cheio, Fenda, com canções autorais que abordam a impermanência do tempo e os ciclos de vida e morte. Fenda ganhou versão remix em 2020.
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