O violino de Maria da Rocha é uma porta de entrada para um espaço escuro, infinito, onde a própria dará indicações ao longo de trinta minutos. Não são ordens, são indicações. Para conter, explodir, até dançar. “nolastingname” é um álbum da casa, mas não é por causa disso que não podemos dizer que é especial, uma afirmação de liberdade estonteante que explora diferentes caminhos sem olhar a género. Que tanto nos coloca lá em cima como de repente nos atira ao chão, sem magoar. Uma viagem no ar e em terra, sem as coisas se misturarem. Experimentem, é coisa para viciar.
Maria da Rocha
"nolastingname"
Holuzam
em casste e mp3
À entrada de “nolastingname” existe um aviso de plena inquietude. Música irrequieta, que transgrediu a clássica e procurou soluções para existir entre a música electrónica, a experimental, industrial, electro ou drone. A história conta-se pelo trajecto da sua autora, Maria da Rocha, violinista de formação clássica, que, a espaços, procura lugar noutros campos de composição, seja na electrónica ou na música experimental. O seu trajecto (Lisboa-Berlim-Estocolmo) ouve-se em “nolastingname”, onde a libertação se mistura com a curiosidade e o desejo de mais. Talvez por isso esta peça de 32 minutos seja tão cheia de lugares que querem existir. Gravado no Elektronmusikstudion EMS em Estcolmo em 2019, Maria da Rocha experimenta com violino e buchla, esculpindo rápidos movimentos em curvas apertadas. Uma peça com imenso espaço - um tecto altíssimo – mas que se fecha num lugar invisível, sem deixar respirar. Para ouvir em bicos de pés, arrepiado, à espera do êxtase por acontecer. Sim, encanta pela sua ansiedade. Envolve pelo contínuo em transformação, por lugares inesperados (como quando, ali por volta do minuto 17, se ouve Drexciya) e uma pujança sem limites. Para ouvir bem alto. Música para tomar conta de tudo. Para dominar. Um salto surpreendente face aos seus anteriores álbuns, “Beetroot & Other Stories” (Shhpuma, 2018) e “Pink” (Creative Sources, 2015), este último com Maria W. Horn. Em “nolastingname” ouve-se Maria da Rocha a florescer.
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