Paula Oliveira está a viver uma das melhores fases da sua carreira. Acredita que este momento é o culminar de um longo trajeto percorrido e que nem sempre foi fácil. Quando entrou para o conservatório, o jazz era considerado uma música menor. Só se ensinava música clássica.
Mas foi nos bares e clubes que cresceu musicalmente. E o jazz foi uma descoberta de liberdade musical. Sempre gostou de bossa nova, funk, fado, música clássica, mas foi no jazz que encontrou a linguagem de que precisava para expressar sua liberdade musical, podendo misturar géneros musicais diversos. E essa identificação com o jazz aconteceu de maneira natural ao ouvir os standards interpretados por grandes nomes do jazz americano, ao se encantar com a destreza performativa de grandes cantores e cantoras do género.
Quando começou a cantar jazz em português sentiu um grande impacto. Foi em Nova Iorque, ao cantar "Um homem na cidade", tema de Ary dos Santos e José Luís Tinoco, que sentiu em si a beleza da verdadeira portugalidade. Uma bonita descoberta de grande ensinamento. A partir daí resolveu cantar jazz em português. E durante muito tempo se sentiu sozinha neste caminho, mas sabia que esse era o rumo a tomar. Para desbravar esse percurso foi gravando discos com músicos com quem se identificava musicalmente.
Neste momento da sua carreira, contudo, sente que lhe apetece também compor e escrever. E encontrou no pianista brasileiro Luiz Avellar um grande incentivador para dar este passo. Assim, neste novo espetáculo, Paula Oliveira (voz) e Luiz Avellar (piano) apresentam o repertório do mais recente álbum de Paula Oliveira, “Flores de Saramago” – a editar no final deste ano -, com música composta por ela para poemas de José Saramago. O projeto nasceu no âmbito dos vinte anos da atribuição do Prémio Nobel da Literatura ao enorme escritor português, ibérico e universal. Juntamente com esses temas, Paula Oliveira canta também temas de Luiz Avellar para os quais escreveu letra.
Acompanhada pelo piano de Luiz Avellar, Paula Oliveira transporta o seu público a esse universo musical da música urbana portuguesa através de composições de sua autoria e poemas das obras Os Poemas Possíveis e Provavelmente Alegria de José Saramago. A estética musical do repertório vem na continuação do seu percurso ligado ao jazz e à música portuguesa, uma "trincadeira" musical entre a cantora portuguesa e o pianista brasileiro, em que fundem suas bagagens musicais e esbanjam uma musicalidade madura cristalizada por suas sólidas trajetórias musicais.
PRÓXIMOS CONCERTOS
TRAVESSIA > NANI MEDEIROS E JOÃO PITA, 27 DE FEVEREIRO
MIRANDA, 06 DE MARÇO
Sempre aos domingos às 21:00
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