Criado como uma pequena sinfonia de 7 episódios musicais, à imagem de um programa de rádio, The Lone Ranger relata as aventuras do personagem Lone Ranger. Surgindo da ideia de fazer uma espécie de programa de rádio com uma história que partiria do personagem para depois ir para outros caminhos abstractos. Por este motivo, os temas são cantados em várias línguas sendo o último tema a conclusão com um pequeno intróito como se fosse a finalização do programa de rádio.
A estrutura do EP é levemente inspirada na “Histoire de Melody Nelson”, de Serge Gainsbourg e remete-nos para dias de Outono aquecidos pelo crepitar da madeira que arde diante de nós. Com uma sonoridade com cheiro a faroeste e uma poética sensual, densa e algo sonhadora, The Lone Ranger convida-nos a um viagem de fuga a uma prisão que pode ser a metáfora da prisão que, por vezes, criamos em nós próprios.
Participam neste EP os seus companheiros de “Silver & Scout” (banda que o João Zagalo fundou na pandemia): o irmão Gonçalo Zagalo, Filipa Afonso, José Lencastre e Rui Lucena. Ainda, Ricardo Cabral (Baleia Baleia Baleia), Tiago Cabral (Vox Mambo), Philippe Lenzini (Jacarandá) e João Pinheiro (SAL e Cassete Pirata). The Lone Ranger é dedicado a Rafael, filho de João Zagalo (para que nunca deixe de acreditar no Lone Ranger). Tem o grafismo de Catarina Coelho e a produção de Flak, e é hoje lançado de forma independente e digital.
Podem ouvir aqui.
João Diogo Zagalo nasceu em Lisboa e desde cedo demonstrou paixão pela música – com 10 anos, juntamente com o seu irmão, pegava em raquetes de ténis e, fingindo serem guitarras eléctricas, imaginava que tocava no estádio de Wembley para 100 mil pessoas. Fazia capas de discos imaginários, com temas imaginários, e imaginava que esses discos chegavam ao n.º 1 da tabela de vendas da Billboard.
Aos 13 anos aprende a tocar guitarra para poder musicar os temas que tinha na sua cabeça. Juntamente com o seu irmão, Gonçalo Zagalo, gravou vários álbuns em casa, em cassete. Aos 14 anos formou a sua primeira banda, a que se seguiram outras, com nomes como “Dead Violets” ou “Vox Mambo” e nos intervalos da sua profissão como jurista nunca deixou de tocar.
Em 2012 começou a tocar nos “Blaze and The Stars”, com quem gravou vários álbuns. Em 2019, durante uma pausa sabática desta banda (pausa essa que ainda perdura até hoje),
resolveu fazer o seu primeiro disco a solo. A princípio, os temas não tinham qualquer ligação entre si. Até que um dia, inspirado por assuntos jurídicos que tinha em mãos, fez um conto que misturava a realidade prisional e um herói americano – o Lone Ranger. Musicou esse conto e deu-lhe o nome de Santa Eulália – um Estabelecimento Prisional imaginário.
Lembrando-se dos velhos temas imaginários que compunha em criança, pegou num herói da mitologia americana do faroeste, criando novas aventuras imaginárias.
Tal como na obra “Trout Fishing in America”, de Richard Brautigan, na qual o autor utiliza esse termo (“trout fishing in America”) de várias formas, o mesmo acontece com este Lone Ranger. Não se trata somente do herói da mitologia americana! No fundo, o Lone Ranger é tudo aquilo que queremos que ele signifique – seja ele um herói, um vilão ou algo mais abstracto (um sonho, um desejo…).
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