A 4.ª edição do grande fórum dedicado à promoção da criação contemporânea e divulgação da música erudita nacional já arrancou e dedica-se ao Teatro-Música de Constança Capdeville.
O segundo programa a subir ao palco é a ópera Manifesto NaDa de António de Sousa Dias, uma ode ao movimento DADA que, no início do século XX, provocou ruturas com as normas na arte e inspirou inúmeros artistas e coletivos de vanguarda.
LISBOA - TEATRO ABERTO
30 NOV
Manifesto NaDa de António de Sousa Dias
Se a recriação de FE…DE…RI…CO…, de Constança Capdeville (1937-1992), inaugurou o Festival CriaSons IV no início deste mês de novembro, a proposta é agora que os compositores convidados assumam o género musical e performativo que Capdeville cunhou, apresentando a sua própria versão de Teatro-Música.
António de Sousa Dias, músico, professor e investigador, apresenta assim, a 30 de novembro, no Teatro Aberto, Manifesto NaDa, uma “ópera-manifesto contra e a favor de tudo, e decididamente sobre nada''.
Bebendo inspiração no irreverente e disruptivo movimento DADA, que no início do século XX inspirou inúmeros artistas e coletivos de vanguarda, Sousa Dias cria um espetáculo que rompe com os cânones e dá largas à ousadia.
Em Manifesto NaDa, onde a lógica não é regra, o compositor propõe uma viagem possível pelo universo estabelecido pelo nome maior do dadaísmo, Tristan Tzara, e fá-lo com uma música e performance que criam uma linha ténue entre o surreal e o verdadeiro.
A atitude provocatória de desconstrução e negação de todas as convenções culturais, sociais, morais, estéticas e linguísticas, assim como o caldeirão de referências e inspirações musicais de António de Sousa Dias, a começar por Constança Capdeville (de quem foi aluno e colaborador), mas também John Cage, Sun Ra, Scott Joplin ou Tom Waits, fundem-se em Manifesto NaDa criando danças grotescas e discursos desconexos, ora melódicos, ora brados. Em suma, esta é uma proposta narrativa que continua a ecoar e a fazer sentido nos dias que correm, traduzida num grito desesperado e urgente que quer derrubar os padrões do mundo atual.
Em palco, aos três intérpretes - o barítono Rui Baeta e as sopranos Joana Manuel e Célia Teixeira -, que tanto oscilam pelo palco como balbuciam frases monocórdicas e sem nexo, junta-se o ensemble composto por Fábio Oliveira (trompete), Philippe Trovão (sax tenor), Guilherme Reis (contrabaixo) e pelo próprio António de Sousa Dias (eletrónica). O programa conta com a encenação de Alexandre Lyra Leite, que faz sobressair um lado mordaz e cómico desta ópera dadaísta, e com a direção artística do maestro Brian MacKay, coadjuvado pelo painel de Compositores Residentes do Festival CriaSons.
Sendo novembro o mês que a Musicamera, o MIC.PT - Centro de Investigação e Informação da Música Portuguesa e a Miso Music dedicam a Capdeville, está previsto, a 27 de novembro, no O’culto da Ajuda, o encontro “Compreender e Celebrar Constança Capdeville”, com a participação de Rui Vieira Nery, António de Sousa Dias, Miguel Azguime, Joana Sá e Luís Pacheco Cunha.
Concebido e organizado por Musicamera Produções, o Festival CriaSons reuniu até hoje grandes nomes da criação musical nacional - António Vitorino d’Almeida, Alejandro Erlich Oliva, Alexandre Delgado, Amílcar Vasques Dias, Mário Laginha, Eurico Carrapatoso, Cândido Lima, Pedro Caldeira Cabral, Carlos Azevedo, António Pinho Vargas, Fernando Lapa, entre outros - com grandes intérpretes coletivos - Opus Ensemble, Quarteto Lopes Graça, Quarteto Artzen, Kinetix Duo, Duo Contracello, Ensemble Musicamerat - e individuais, levando a criação musical contemporânea portuguesa a palcos por todo o país e no estrangeiro.
Os bilhetes para o espetáculo Manifesto NaDA, dia 30 de novembro, no Teatro Aberto, custam 17€ (normal), 8,50€ (jovens até aos 25 anos), 13,60€ (séniores < 65 anos). À venda na BOL e na bilheteira do Teatro Aberto.
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