O Duarte apaixonou-se pela Maria e escreveu-a.
O Vitorino apaixonou-se pela Maria (quando a viu no escritório do Alain, que, entretanto, também já se tinha apaixonado por ela) e musicou-a.
O Filipe Raposo apaixonou-se pela Maria e arranjou-a (no seu piano).
O Bruno Cavaco apaixonou-se pela Maria e filmou-a.
Cuidado com a Maria! Quiçá não poderá vir a suscitar outras paixões?!
Há um lugar-comum em cada pessoa. Tem nome. Nesta canção, chama-se Maria. Em nós, chama-se solidão.
Duarte e Vitorino, dois homens alentejanos, um da nova guarda, o outro da mais velha e mais vivida, cocriam uma obra mãe e juntam-se numa rara passagem de testemunho. Como se um pai sábio partilhasse a um filho amado a importância de entender a cruzada de cada mulher e de todas as mulheres que vivem dentro dela.
Acompanhados ao piano por Filipe Raposo, a delicadeza da melodia ampara-nos a tristeza. E quando se juntam os três em uníssono, podemos chorar com certeza. Não perdemos o amor na urgência de o fazer, elevamo-lo ao ouvi-lo em conjunto.
Maria da Solidão é um tratado de guerra e paz sobre ser-se quem se é, com a premissa de que, no meio das pontas soltas, saibamos que é em nós que o ponto final se marca. Aceitemos.
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