sexta-feira, 24 de novembro de 2023

LINA_ LANÇA "O QUE TEMO E O QUE DESEJO" COM PARTICIPAÇÃO DE RODRIGO CUEVAS

















LINA_ convida Rodrigo Cuevas no seu novo single

A portuguesa LINA_ e o espanhol Rodrigo Cuevas, duas das vozes mais quentes, expressivas e singulares que se podem ouvir na atualidade, unidas em torno das palavras de Camões.

Eis o desafio de LINA_, em “O Que Temo E O Que Desejo”, o segundo single que antecede o lançamento do seu novo álbum, “Fado Camões”, a editar mundialmente a 19 Janeiro do próximo ano pela editora alemã Galileo Music.

“Estou muito contente por cantar com a LINA_ que é uma artista que admiro muito”, afirma
Rodrigo Cuevas, que atuou em Portugal há semanas. “Foi um enorme privilégio ter-me abeirado assim do folclore e da canção portuguesa e estou muito agradecido por ter tido esta oportunidade”, acrescenta alguém que tem tido um papel essencial na afirmação da nova música espanhola no mundo.

O mesmo acontecendo com LINA_ quando se pensa na música portuguesa. Ela lançou dois álbuns como Carolina, mas foi há três anos que saltou para os palcos do mundo, ao lado do músico e produtor espanhol Raül Refree (conhecido pelos trabalhos com Rosalía e Sílvia Péres Cruz), num álbum aventuroso que levava mais longe a linguagem do fado, celebrando Amália.

Já Rodrigo Cuevas faz parte de uma nova geração de artistas que remexe na tradição para encontrar novos argumentos de futuro com uma linguagem pop contemporânea que deve algo ao imaginário queer e ao hedonismo. Tal como no caso de LINA_, o encontro dele com o produtor Raül Refree foi essencial para afirmar uma nova visão, coexistindo na sua música, estilo e arte, diversos idiomas folcróricos com elementos contemporâneos, como se constata ouvindo o último álbum “Manual de Romería” (2023).

Tudo isso acaba por estar presente em “O Que Temo E O Que Desejo”, uma canção quente de tonalidades fadistas, mas que já é outra coisa, com a guitarra portuguesa a serpentear por entre palmas e um ritmo electrónico pausado mas insinuante, com a voz de LINA_ coadjuvada pela de Rodrigo, a fazerem renascer o espírito ibérico que caracterizou Portugal até ao século XVII, juntando-se o português e o galaico- português sem quaisquer estigmas e em harmonia.

Este é o segundo single, depois de “Desamor”, que é editado poucos dias antes da data em que se comemora a consagração do Fado a Património Imaterial da Humanidade [27 de novembro de 2011] e que antecede o álbum “Fado Camões”, um pronúncio do que aí vem, com LINA_ a não perder de vista o arrojo do passado recente, sem renegar uma linha também tradicional.

Depois do sucesso e dos inúmeros concertos e prémios (como o disco do ano da World Music Chart de 2020 ou o Prémio Carlos do Carmo 2021 entre inúmeros outros prémios europeus) regressa agora com um álbum mais pessoal, abrindo-se um novo capítulo com a produção do músico, produtor e compositor britânico Justin Adams, conhecido por trabalhos com Robert Plant, Rachid Taha, Tinariwen e Souad Massi, ou colaborações com Brian Eno ou Sinead O’ Connor. Em quase todos os projetos onde Justin Adams se envolveu existe essa ideia de aliar tradição com modernidade, não sendo por isso surpresa a aliança com LINA_.

O álbum que aí vem coloca a poesia de Camões em novos cenários, tendo sido preciosa a colaboração da guitarra portuguesa de Pedro Viana, o piano, teclas e arranjos de John Baggott, músico inglês que já tocou com os Massive Attack, Portishead ou Robert Plant, e em dois temas, Ianina Khmelik, em piano e sintetizadores. Estes músicos, aliás, andarão em digressão com LINA_, a partir de Janeiro de 2024, sendo que John Baggott será um convidado em eventos especiais.

Outra colaboração relevante é a de Amélia Muge, que para além de ser autora da música e da letra de uma das canções, ajudou na adaptação das letras. Mas, para já, existe “O Que Temo E O Que Desejo”, onde LINA_ – com a ajuda de Rodrigo Cuevas – nos devolve uma canção que fala de desejo, morte e vida, porque isto anda tudo ligado.

«Para cantar um poema perfeito, só uma voz perfeita. A forma como ambos se conciliam fazem-nos ouvir, para lá dos tempos, dos instrumentos e das palavras o canto da própria poesia. É esse milagre que temos na voz de LINA_ e na recriação musical que encontramos ao longo destas canções. Mais do que o que fado, mais do que uma identidade portuguesa, é o regresso a esse espírito ibérico que caracterizou Portugal até ao século XVII que agora vemos renascer, com a pureza sem preconceitos de uma interpretação em que o português e o galego se unem em total harmonia, como na origem galaico-portuguesa das duas línguas hoje autónomas.»

- Nuno Júdice -

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