"No início dos anos 80, proliferavam no rock português umas ondas de música de qualidade duvidosa, salvo raras excepções. A maioria das letras da altura tinham um cariz popular, fáceis de entender mas de rock tinham muito pouco já que a maioria das mesmas tinha um cunho absolutamente Pop!!
Por entre os escombros de música de qualidade ou música de cunho similar ao Zumba no Caneco não se vislumbrava uma canção que abordasse a situação económico/social do país e daí todos nos sentirmos na la la land, fora da realidade e embriagados num sentimento de; amanhã se verá.
Numa conversa, entre muitas que tive com o Celino Bosta mais conhecido por Belino Costa e às vezes Joao Belo, jornalista do Sete, surgiu a ideia de fazer algo diferente, uma letra cujo tópico fosse mais realístico pois o chamado rock português da altura, abordava com frequência apenas banalidades. A isto junta-se o facto deque alguns profissionais da imprensa desse tempo, referirem que eu apenas cantava em inglês e surgiam algumas dúvidas sobre a minha capacidade vocal em cantar na língua de Camões.
O Belino mostrou-me o Capital, um tema que achei interessante e moldei -o para lhe dar musicalidade. O fogo estava ateado e era irreversível. Falei com o meu partner da altura, o famigerado Filipe Mendes e os Transatlântico que na altura navegavam em águas secas e editamos o tema “Onde é que está o Capital” que atingiu o Top das charts nacionais em 1982 e uma popularidade fora do comum na minha carreira. Um êxito estrondoso!
Hoje novamente e passados 41 anos, o tema tem um carácter actual e daí a ideia de com novos arranjos e um espírito novo voltar à carga e questionar, quem tem o capital.
António Garcez (Nov. 2023)
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