● Festival Criasons anuncia novos espetáculos na Biblioteca de Marvila e no O’Culto da Ajuda
● Festival intimamente ligado ao trabalho da compositora Constança Capdeville
● Entrada gratuita
A Festival Criasons está de volta, com novos espetáculos em novos locais na cidade de Lisboa. Este é um evento que se tem afirmado como uma plataforma de destaque para a música de câmara portuguesa contemporânea, com uma ligação especial ao Teatro-Música e ao desenvolvimento deste género musical em Portugal, intimamente ligado ao trabalho da compositora Constança Capdeville.
O festival promete continuar a tradição de inovação e excelência, apresentando uma série de espetáculos que desafiam as fronteiras entre a música e o teatro, proporcionando ao público experiências culturais ricas e diversificadas.
Programação em destaque:
21 de Janeiro de 2024 | Biblioteca de Marvila, Lisboa
"Entre Quatro Paredes" – Uma noite de Teatro-Música com obras de Rui Antunes "Pensar é Estar Doente dos Olhos" e João Ricardo "Vivos até à Morte", que prometem uma viagem emocional através da fusão entre música e performance teatral.
9 e 11 de Fevereiro de 2024 | O’Culto da Ajuda, Lisboa
"Ópera π" – Um espetáculo que coloca em cena a eterna discussão sobre o que é essencial na criação artística, num ambiente intimista de café parisiense.
24 de Fevereiro de 2024 | Biblioteca de Marvila, Lisboa
"Árvore Metálica e Outras Histórias" – Uma experiência única que explora a desconstrução e a reinvenção dos instrumentos de metal, numa performance que desafia os limites da música contemporânea.
Sobre os Espetáculos:
"Pensar é Estar Doente dos Olhos" e "Vivos até à Morte" são espetáculos que exploram a profundidade da experiência humana, combinando música, dança e narração numa narrativa envolvente.
"Ópera π" é uma reflexão sobre o processo criativo, onde o público é convidado a participar ativamente na ação, num formato que promete quebrar as barreiras entre artistas e espectadores.
"Árvore Metálica e Outras Histórias" apresenta uma abordagem inovadora à música para metais, com uma performance que promete ser um ponto alto do festival.
Para mais informações, visite online em musicamera.pt
Sinopse “Pensar é estar doente dos olhos”
A Pessoa de fato (do qual não se sabe o nome) está claramente a passar por um momento difícil que não é especificado (e que não tem necessidade de o ser), e passa por várias fases de reação emocional à mesma.
Todo o drama se passa na mente desta pessoa e isso é algo visível no seu espaço envolvente, que se deteriora pouco a pouco, estando diretamente ligado ao seu estado emocional. O público é levado por um leque de sentimentos que vão desde a tristeza, a raiva, à apatia, sem nunca perceber ao certo o que levou a estas emoções. Esta é uma pequena viagem que pretende a aceitação e normalização do nosso ser emocional enquanto humanos.
O conceito dramático geral da peça é uma alternância entre os momentos nos quais que a música fixa o tempo teatral (momentos operáticos, próximos das Arias tradicionais), momentos puramente teatrais (sem música), e outros momentos também de natureza teatral, mas para os quais é proposto um material musical mas sem duração fixa. Para os últimos dois, o texto e a cena guiam o tempo de modo a oferecer uma possibilidade criativa maior para a encenação.
Sinopse “Vivos até à morte”
Tendo em consideração a ligação da vila de Alenquer com o compositor João Ricardo e com a investigadora Rosário Costa, o tema para esta obra surge como consequência dos ainda relevantes atos cometidos pela inquisição, bem como uma homenagem às suas vítimas.
Os episódios teatro-musicais formar-se-ão como pequenos contos baseados nesses relatos bibliográficos disponíveis relativos aos crimes e castigos das vítimas da inquisição de Alenquer, cristãos novos e velhos perseguidos por judaísmo, luteranismo, superstições, feitiçarias, bigamias, palavras maldizentes, etc., em se insere não apenas o seu mais conhecido condenado Damião de Góis mas também em vítimas como Guiomar Rodrigues
– tendeira, condenada por afirmar que Nossa Senhora não era Virgem – ou Gregório Martins Pereira – deão, acusado de sodomia e expatriado.
O espetáculo, com uma duração total de cerca de 30 minutos, está pensado para um ensemble constituído por 1 tenor/narrador, 2 bailarinos e um quarteto de cordas.
Musicalmente estes episódios serão compostos usando uma base metodológica de criptografia musical, fazendo uso dos nomes e das datas de relevância para com as vítimas (nascimento, condenação, morte, etc.) como micro e macro estruturas para a obra.
A obra musical que acompanha esta submissão – 9 INTERLÚDIOS SOBRE UM INFERNO – são pequenos interlúdios entre as várias cenas.
Sinopse “Ópera π”
Num café (em Paris) dois personagens dialogam entre si sobre o que é fundamental na criação artística. Um deles representa a racionalidade, a objetividade, o plano; o outro representa a intuição pura, a visceralidade do momento de criação.
Na sua discussão vão apresentando argumentos, dúvidas, sugestões. Chegarão a um consenso? Quem irá prevalecer? O espetáculo será realizado num cenário de café , onde, além do elenco, estarão sentados elementos do público (8 a 10 pessoas); estes participantes involuntários assistirão in loco à ação podendo ser convocados para alguma interação.
Sinopse “Árvore Metálica e outras Histórias”
É uma obra escrita em 1986 e foi estreada nos Encontros de Música Contemporânea pelos Metais de Lisboa , grupo a quem a obra é dedicada. Tem 6 intérpretes (Trompetes. Trompa e Trombones) . A exploração da desmontagem física dos instrumentos com reflexos na execução é a ideia central deste trabalho. No total fixa - se em cerca de 8 minutos.
Sobre o Festival Criasons
O CRIASONS – produzido por MUSICAMERA PRODUÇÕES – é um festival dedicado às tendências da música de câmara portuguesa contemporânea. Em 2022/23 consagra a sua 4ª edição ao Teatro-Música e ao desenvolvimento deste género musical em Portugal, intimamente ligado ao trabalho da compositora Constança Capdeville.
À semelhança das edições anteriores, o CRIASONS além de dar continuidade ao seu objectivo principal: a promoção e divulgação da música portuguesa contemporânea, procurará contribuir para a renovação de um género performativo que foi impactante para a cultura musical portuguesa a partir de finais da década de 70 do século XX.
No contexto europeu, compositores como Luciano Berio, Bruno Maderna, Mauricio Kagel, Sylvano Bussotti, Dieter Schnebel, György Ligeti, Luigi Nono e outros, estão associados à produção de teatro-música. Estas obras que foram compostas logo após o final da Segunda Guerra Mundial resultaram de experiências revolucionárias a nível da linguagem musical. O teatro-música, desde então, passou por múltiplas e significativas transformações e ajudou a repensar experimentalmente as tradições teatrais, os géneros artísticos, as convenções da performance e a relação do compositor com a sociedade.
A concepção de teatro-música de Constança Capdeville, na linhagem de alguns dos compositores supramencionados, adquire um rumo muito pessoal. Capdeville cunhou o termo teatro-música em alternativa à expressão teatro musical, mais conotado com o cabaré, com a produção da Broadway, a performance art e eventuais associações ao happening ou a certas propostas de improvisação livre. O teatro-música na perspectiva de Capdeville visa romper com as formas canónicas (como a ópera e o concerto). Não existe apenas uma partitura convencional e/ou um libreto, existem guiões e várias partituras, assim como uma multiplicidade de narrativas, referências, técnicas e meios utilizados.
Segundo a compositora, era essencial repensar o conceito de palco, colocando novos desafios tanto à criação, como à interpretação. As obras de teatro-música de Constança Capdeville combinam diversas expressões artísticas como a música, o teatro e a dança, isto constitui um “contraponto heterogéneo” entre elementos de naturezas distintas (música, cenários, movimento, texto, eletroacústica, imagem, adereços, figurinos, luz), resultando numa criação original e própria.
A partir da década de 90 do século XX, muitas das obras de teatro-música caíram no esquecimento, possivelmente por terem sido pensadas como atos únicos e não para serem repetidas. A sua escrita nem sempre era fixa (tal como a partitura convencional) e a comunicação com os performers gerava uma multiplicidade de documentos (e.g., cada interveniente tinha um guião), e a obra no seu todo reunia o conjunto deste trabalho colaborativo. A dispersão dos diferentes documentos, assim como as dificuldades de localizá-los, reuni-los, organizá-los e compreendê-los, levou a que muitas dessas obras fossem apresentadas uma única vez. O interesse do Festival CRIASONS nestas obras tem como intuito dar-lhes uma maior visibilidade e uma nova vida através da sua recriação em palco.
Nos tempos atuais, de grande instabilidade cultural, económica, social (e pandémica), a renovada atenção dada a aspetos não-sonoros, teatrais e performativos, aliada às preocupações da preservação do património cultural, levou a um ressurgimento do interesse por este género performativo e pela sua história. Hoje o teatro-música divide o palco e concorre com uma ampla variedade de géneros (como por exemplo as instalações); a sua presença é importante seja em termos históricos e de consciencialização para as gerações sucessivas, mas também pelo impacto e atualidade da sua proposta, que lança desafios ao público contemporâneo.
Constança Capdeville é a grande representante do teatro-música em Portugal, sendo por isso o ponto de partida para a escolha do repertório que será apresentado nesta 4ª edição do festival. Será proporcionado um diálogo intergeracional, perpetuada a memória e o legado de inúmeros artistas envolvidos com o teatro-música do passado, do presente e do futuro e sublinhado o contributo fundamental que deram às artes performativas em Portugal.
A 4ª edição do Festival CRIASONS além da difusão do teatro-música, visará dar um novo fôlego criativo ao contexto musical da criação musical portuguesa e o justo reconhecimento à vida e à obra da compositora Constança Capdeville.
O festival contará com a participação de seis compositores residentes, sendo um deles a própria Constança, reconhecendo nesta forma de homenagem a sua “imortalidade” - ou intemporalidade. Um segundo elemento será selecionado em concurso. Chamados a compor o painel foram ainda os “históricos” António de Sousa Dias e Paulo Brandão e os mais jovens nestas lides João Pedro Oliveira e Joana Sá.
Serão apresentados seis programas em Lisboa e estes terão um carácter itinerante, estando posteriormente em digressão pelo país (e estrangeiro). Os programas deverão conter música dos Residentes / programadores e de outros compositores da sua afinidade (Mauricio Kagel, Miguel Azguime, Cândido Lima, entre outros).
Ainda no âmbito do festival, proceder-se-á à seleção de um compositor que integrará o painel dos residentes; este terá como desafio compor uma obra no contexto do teatro-música, ficando assim estabelecida a ponte entre o passado, o presente e o futuro.
O júri a cargo desta selecção será constituído por todos os compositores residentes e ainda por Carlos Alberto Augusto (consultor técnico e artístico) e Filipa Magalhães (musicóloga, consultora académica). Os criadores a concurso deverão apresentar uma maquete completa de um espectáculo que inclua, pelo menos, uma obra original.
No que respeita à programação, o festival apresentará obras ou excertos de obras da compositora Constança Capdeville, assim como de outros compositores portugueses como Jorge Peixinho, Clotilde Rosa, Lopes e Silva, Miguel Azguime, entre outros, e de compositores estrangeiros como Mauricio Kagel, John Cage, Luciano Berio, Bruno Maderna, Louis Andriessen e outros. A interpretação destas obras ficará a cargo do Ensemble Musicamerata, de formação variável, e com a integração de novos elementos como bailarinos, atores, mimos, para responder às características e concepções de cada uma das obras.
A nível de calendarização, a programação do festival decorrerá ao longo do ano de 2022, incluindo a realização do Concurso. O CRIASONS terá início no final do ano de 2022 e continuará no ano de 2023, estando previstas entre 12 a 18 apresentações.
O Festival CRIASONS deverá integrar ainda uma componente pedagógica. Serão realizadas acções de formação como workshops ou colóquios, em colaboração com o Plano Nacional das Artes. Também estão previstas intervenções na área do cinema, possivelmente em colaboração com alguns dos Festivais que se realizam em Portugal.
Sobre a Musicamera Produções
MUSICAMERA PRODUÇÕES é a concretização de um projecto empresarial de agenciamento, produção e representação na área da Música, com a sua primeira apresentação em Março de 2009 por iniciativa conjunta de três músicos sobejamente conhecidos na cena musical portuguesa: o violinista Luís Pacheco Cunha, o contrabaixista Adriano Aguiar e o contrabaixista e compositor Alejandro Erlich Oliva.
Desde então, MUSICAMERA PRODUÇÕES tem sido pioneira na afirmação de um sustentável conceito de gestão da música pelos músicos, com toda a mais-valia de dedicação e competência intrínseca que tal propósito garante.
Ao longo de um percurso realizado ombro a ombro com excelentes artistas e agrupamentos – parceiros e cúmplices dos nossos concertos, festivais e outros eventos – fiéis aos objectivos de fruição intelectual, amizade e verdade artística que nos reuniram, vimos logrando uma abertura a outros universos musicais e âmbitos artísticos. MUSICAMERA PRODUÇÕES tem actualmente em carteira – a par da Música de Câmara, seu habitat primigénio – produções orquestrais – ORQUESTRA MUSICAMERA -, corais, de teatro musical e ópera de câmara. Promove a encomenda de obras a importantes compositores portugueses e internacionais garantindo a sua estreia em concerto, edição discográfica e em música impressa. Fez algumas incursões nos mundos do Jazz, da Dança e do Teatro. Desenvolve actividades de formação, cursos, master-classes – que culminaram na sua parceria com o Festival ZEZEREARTS, dirigido pelo maestro Brian MacKay, actual sócio gerente da empresa.
No biénio de 2018-2019, MUSICAMERA PRODUÇÕES foi seleccionada para um Apoio Sustentado por parte da Direção-Geral das Artes, concretizando o projecto artístico Criar Sons – Viver a Música em Portugal, composto por projectos na área da edição, criação, programação e formação musicais. A atribuição deste Apoio foi renovada para o biénio de 2020-21, 2022 e agora para o quadriénio 2023-26, um desafio a que respondemos com o rigor, a exigência e a paixão de sempre.
É, pois, assim que vivemos, cada dia, o sonho de um Mundo de artistas, de comunidades criativas, reconhecendo em cada um de vós o potencial companheiro para os nossos projetos e aventuras, que continuaremos a viver com elevados critérios de profissionalismo e qualidade e com o dinamismo amador de quem tem a sorte e o privilégio de gostar despudoradamente daquilo que faz.

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