Paris, concerto no Théâtre de La Ville, 19 fevereiro.
Dias antes anunciaram a sala esgotada. Duas grandes motivações para fazer diferente: o início das comemorações em Paris dos 50 anos do 25 de Abril e a apresentação do meu álbum Mistura.
Foi-me sugerida a leitura de poesia relacionada com o tema Abril.
Integrei no espectáculo 3 poemas, um de Sophia de Mello Breyner, outro de Jorge de Sena, e o meu poema preferido de Miguel Torga (Síssifo). Introduzi ainda o Menino do Bairro Negro de Zeca Afonso.
Voltar a Paris, é sempre motivo de nervosismo, mas sem razão nenhuma.
A verdade é que, como fiz questão de dizer em palco, França acolheu centenas de milhares de portugueses há bem mais de 50 anos, aproximou-se e quis conhecer a nossa cultura e o nosso país, e eu sempre fui recebida, tratada e acolhida com imensa generosidade. Mas era preciso dizê-lo. Não há amizade sem provas de amizade, não há amor sem provas de amor, e a presença massiva o público francês e português que acorrem aos nossos espectáculos são prova de ambos!
Aconteceu que, envolvida na poesia cantada e dita (em português e francês) me elevaram a inspiração e tudo o que aconteceu ali foi puro amor.
Foi também momento de despedida que não podia acontecer sem uma justa e merecida homenagem a um pilar nos últimos 13 anos de carreira. O Pedro de Castro fez ontem o seu último concerto. Estava anunciado o fim da sua presença em palco em Dezembro, quando tocámos em Madrid, mas este concerto em Paris ainda estava integrado na apresentação oficial do álbum Mistura no qual foi o timoneiro.
Fomos e somos felizes juntos em palco e fora dele, na nossa vida de amizade profunda, de confiança, de respeito e admiração.
Como voam as gaivotas e não se deixam aprisionar, o Pedro vai voar nas paragens onde lhe apetece estar agora: as suas casas de Fado, a composição, o seu estúdio, as produções. E vamos estar sempre por perto.
Foi, por tudo o que demos e recebemos, uma noite gloriosa em emoções e partilhas.
À três vite, Paris.
Até já, Pedro.
Obrigada a todos os que nos abraçaram naqueles longos aplausos e sorrisos. É o nosso maior prémio.
Katia
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