Carlos Bica | contrabaixo
José Soares | saxofone alto
Eduardo Cardinho | vibrafone
Gonçalo Neto | guitarra
Dia 28 de junho, Carlos Bica lança novo disco: 11.11, uma edição Clean Feed, apresenta uma nova formação composta por músicos portugueses, com a qualidade única com que o músico e compositor residente em Berlim nos tem presentado ao longo dos anos. É um emocionante regresso com novas composições como "Lucky", "Blue in Grey" ou "Love Boat", dando nova vida a composições como "Não Estás Aqui Por Acaso" nascido de uma colaboração com a bailarina Leonor Keil, ou ainda uma participação muito especial, a voz de José Mário Branco em “A Noite”.
“Apesar de já viver há 40 anos fora de Portugal nunca perdi o contacto com a cena musical portuguesa e tive vários projectos musicais que envolveram músicos portugueses, tais como, a cantora Maria João, o projecto Diz com a cantora e actriz Ana Brandão, a minha longa parceria em duo com o João Paulo Esteves da Silva ou o projecto Matéria-Prima. Tudo começou por um convite que me foi lançado pelo guitarrista André Santos para participar num festival na Madeira. Em seguida e para dar continuação ao projecto achei boa ideia juntar o saxofone do João Mortágua. Depois conheci o Eduardo Cardinho num festival na Alemanha em que o promotor resolveu montar uma banda composta por dois músicos (mulheres) alemães e dois músicos (homens) portugueses, o Cardinho foi paixão à primeira vista. Mais tarde resolvi experimentar juntar a guitarra do Gonçalo com o vibrafone do Cardinho e o resultado ultrapassou as minhas expectativas. E foi através destes dois músicos que eu conheci o maravilhoso José Soares, cuja existência eu desconhecia. E assim cheguei até esta formação. E agora aqui estamos com um bonito disco prestes a ser lançado. Ter sucesso é quando tudo acontece sem ter sido premeditado mas estando conscientes que lá chegámos por que era esse o nosso mais profundo desejo.”
Sobre 11.11
Há uns anos aconteceu olhar para o relógio e repetidamente serem 11:11 (manhã ou noite). Comentei isso com os colegas, e o vírus tratou do resto, estava sempre a receber mensagens deles com 11:11 ou outros números especiais. Pouco tempo depois estava a tocar no Hot Clube com o André Santos e o João Mortágua e antes de tocarmos o 11:11, quando o André estava a explicar ao público a razão do título, o João vira-se para mim e diz-me „a propósito, neste momento são 11:11“. A enorme curiosidade levou-me então a perguntar ao Dr. Google se 11:11 teria algum significado especial. Encontrei imensas respostas para a minha pergunta, entre outros que quando nos surge o número 11:11 a ligação entre o nosso eu mais profundo e o universo é muito estreita, o que nos dá o poder de influenciar parcialmente o nosso destino com pensamentos positivos e os nossos desejos mais profundos. A ideia agrada-me."
Carlos Bica
O novo disco 11.11
Seja interpretando engenhosamente as obras de Beethoven, colaborando com nomes como o saxofonista Daniel Erdmann e o DJ experimental DJ Illvibe, ou liderando seu mítico trio Azul com o génio da guitarra radicado em Berlim Frank Möbus e o mago da bateria nova-iorquino Jim Black, a essência inescapável e o lirismo característico do contrabaixista e compositor português Carlos Bica brilha sempre.
A sua produção prolífica, inovadora e constantemente envolvente permitiu-lhe ocupar um lugar merecido no topo da cena jazzística europeia, enquanto as suas melodias duradouras agraciaram grandes festivais em todo o mundo e encorajaram colaborações com grandes músicos como John Zorn, Lee Konitz, Alexander von Schlippenbach, Ray Anderson, Kenny Wheeler e Aki Takase, entre muitos outros.
Em 11.11, o experiente Bica reúne um conjunto de jovens músicos para um conjunto sublime de ofertas quase miragens impregnadas de um clima exuberante e tranquilo. Sugestões de melodias arcadas abençoadas são salpicadas aqui em diálogos exploratórios de luz e sombra, desenrolando-se provisoriamente como um passeio meio lembrado pelos jardins verdejantes de All The World's Mornings de Pascal Quignard, enquanto momentos angulares mais raros sugerem os muitos enigmas numerológicos inescrutáveis do universo, incumbente na enigmática escolha do título de Bica.
Mais aparição do que álbum, 11:11 é zoneado com espíritos benevolentes: a ondulação espectral das vibrações de Eduardo Cardinho na abertura transparente 'Roots', os subtis fantasmas cinematográficos evocados pelo blues friseliano da guitarra de Gonçalo Neto durante 'Love Boat', o saxofone alto de José Soares, fantasmagórico cintilando em 'A Place You Will Never See' e o timbre profundo, mas doce de Bica, evangelizando a emoção crua num terno tremor angelical.
Mas o 11:11 tem um último fantasma a levantar, neste ano que marca o 50º aniversário da Revolução dos Cravos em Portugal, um evento sinónimo de libertação e liberdade de expressão. Durante 'A Noite' o quarteto complementa uma gravação de arquivo com a voz desencarnada do cantor, compositor, actor e activista José Mário Branco, orbitando o seu canto comovente num rendilhado quase imperceptível, antes de envolver os seus sonhos em chamas, como o sax de Soares e a guitarra de Neto.
Numa altura em que, tragicamente, muitos dos seus concidadãos se recusam a aprender as lições que a história lhes ensinou, Bica presta uma homenagem reverente a um dos seus heróis de todos os tempos, que acreditava fervorosamente na democracia e estava disposto a lutar por ela o tempo todo.
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