segunda-feira, 24 de junho de 2024

CARLOS BICA COM NOVO DISCO





















Carlos Bica | contrabaixo
José Soares | saxofone alto
Eduardo Cardinho | vibrafone
Gonçalo Neto | guitarra

Dia 28 de junho, Carlos Bica lança novo disco: 11.11, uma edição Clean Feed, apresenta uma nova formação composta por músicos portugueses, com a qualidade única com que o músico e compositor residente em Berlim nos tem presentado ao longo dos anos. É um emocionante regresso com novas composições como "Lucky", "Blue in Grey" ou "Love Boat", dando nova vida a composições como "Não Estás Aqui Por Acaso" nascido de uma colaboração com a bailarina Leonor Keil, ou ainda uma participação muito especial, a voz de José Mário Branco em “A Noite”.

“Apesar de já viver há 40 anos fora de Portugal nunca perdi o contacto com a cena musical portuguesa e tive vários projectos musicais que envolveram músicos portugueses, tais como, a cantora Maria João, o projecto Diz com a cantora e actriz Ana Brandão, a minha longa parceria em duo com o João Paulo Esteves da Silva ou o projecto Matéria-Prima. Tudo começou por um convite que me foi lançado pelo guitarrista André Santos para participar num festival na Madeira. Em seguida e para dar continuação ao projecto achei boa ideia juntar o saxofone do João Mortágua. Depois conheci o Eduardo Cardinho num festival na Alemanha em que o promotor resolveu montar uma banda composta por dois músicos (mulheres) alemães e dois músicos (homens) portugueses, o Cardinho foi paixão à primeira vista. Mais tarde resolvi experimentar juntar a guitarra do Gonçalo com o vibrafone do Cardinho e o resultado ultrapassou as minhas expectativas. E foi através destes dois músicos que eu conheci o maravilhoso José Soares, cuja existência eu desconhecia. E assim cheguei até esta formação. E agora aqui estamos com um bonito disco prestes a ser lançado. Ter sucesso é quando tudo acontece sem ter sido premeditado mas estando conscientes que lá chegámos por que era esse o nosso mais profundo desejo.”

Sobre 11.11

Há uns anos aconteceu olhar para o relógio e repetidamente serem 11:11 (manhã ou noite). Comentei isso com os colegas, e o vírus tratou do resto, estava sempre a receber mensagens deles com 11:11 ou outros números especiais. Pouco tempo depois estava a tocar no Hot Clube com o André Santos e o João Mortágua e antes de tocarmos o 11:11, quando o André estava a explicar ao público a razão do título, o João vira-se para mim e diz-me „a propósito, neste momento são 11:11“. A enorme curiosidade levou-me então a perguntar ao Dr. Google se 11:11 teria algum significado especial. Encontrei imensas respostas para a minha pergunta, entre outros que quando nos surge o número 11:11 a ligação entre o nosso eu mais profundo e o universo é muito estreita, o que nos dá o poder de influenciar parcialmente o nosso destino com pensamentos positivos e os nossos desejos mais profundos. A ideia agrada-me."

Carlos Bica

O novo disco 11.11

Seja interpretando engenhosamente as obras de Beethoven, colaborando com nomes como o saxofonista Daniel Erdmann e o DJ experimental DJ Illvibe, ou liderando seu mítico trio Azul com o génio da guitarra radicado em Berlim Frank Möbus e o mago da bateria nova-iorquino Jim Black, a essência inescapável e o lirismo característico do contrabaixista e compositor português Carlos Bica brilha sempre.

A sua produção prolífica, inovadora e constantemente envolvente permitiu-lhe ocupar um lugar merecido no topo da cena jazzística europeia, enquanto as suas melodias duradouras agraciaram grandes festivais em todo o mundo e encorajaram colaborações com grandes músicos como John Zorn, Lee Konitz, Alexander von Schlippenbach, Ray Anderson, Kenny Wheeler e Aki Takase, entre muitos outros.

Em 11.11, o experiente Bica reúne um conjunto de jovens músicos para um conjunto sublime de ofertas quase miragens impregnadas de um clima exuberante e tranquilo. Sugestões de melodias arcadas abençoadas são salpicadas aqui em diálogos exploratórios de luz e sombra, desenrolando-se provisoriamente como um passeio meio lembrado pelos jardins verdejantes de All The World's Mornings de Pascal Quignard, enquanto momentos angulares mais raros sugerem os muitos enigmas numerológicos inescrutáveis ​​do universo, incumbente na enigmática escolha do título de Bica.

Mais aparição do que álbum, 11:11 é zoneado com espíritos benevolentes: a ondulação espectral das vibrações de Eduardo Cardinho na abertura transparente 'Roots', os subtis fantasmas cinematográficos evocados pelo blues friseliano da guitarra de Gonçalo Neto durante 'Love Boat', o saxofone alto de José Soares, fantasmagórico cintilando em 'A Place You Will Never See' e o timbre profundo, mas doce de Bica, evangelizando a emoção crua num terno tremor angelical.

Mas o 11:11 tem um último fantasma a levantar, neste ano que marca o 50º aniversário da Revolução dos Cravos em Portugal, um evento sinónimo de libertação e liberdade de expressão. Durante 'A Noite' o quarteto complementa uma gravação de arquivo com a voz desencarnada do cantor, compositor, actor e activista José Mário Branco, orbitando o seu canto comovente num rendilhado quase imperceptível, antes de envolver os seus sonhos em chamas, como o sax de Soares e a guitarra de Neto.

Numa altura em que, tragicamente, muitos dos seus concidadãos se recusam a aprender as lições que a história lhes ensinou, Bica presta uma homenagem reverente a um dos seus heróis de todos os tempos, que acreditava fervorosamente na democracia e estava disposto a lutar por ela o tempo todo.

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