MATAS-ME | HELDER MOUTINHO
Letra: João Monge / Música: Manuel Paulo
Voz: Helder Moutinho
Guitarra: Ricardo Parreira / Viola: André Ramos / Viola Baixo: Ciro Bertini
Captação áudio: Eric Harizanos - Antena 1 Local de Captação: Maria da Mouraria
Mistura: António Pinheiro da Silva / Masterização: Fernando Nunes
Produção Rádio: Ana Sofia Carvalheda
Still Vídeo
Local: Tasca da Bela
Realização, Fotografia e Montagem: Aurélio Vasques
Era uma vez uma Paixão..."
Num bar qualquer, de uma rua qualquer, de um bairro qualquer de uma cidade antiga... entrei sem ter percebido muito bem ao que ia e onde ia. Fiquei preso. Podia até continuar a olhar para o resto da multidão, das coisas, dos pormenores, das gargalhadas, dos outros olhares, mas não; eram tudo pequenos ruídos de fundo, pequenas distrações, que faziam parte do cenário e estava tudo certo. Mas era isso mesmo, um cenário vivo de um filme a preto e branco com a personagem principal que eras tu... a cores.
Depois só faltava aquela sensação de que passaria a fazer parte do filme e desta vez já eram dois personagens a cores num filme fantástico... a preto e branco.
Caminhámos pela rua várias horas. Falámos de tudo o que foi possível, sofregamente, sobre cada um de nós. Como se nos tivéssemos conhecido tão bem noutra vida, já não nos víssemos desde o dia da nossa morte e que já tivéssemos passado pelo menos todos os anos da nossa idade.
Continuámos a caminhar e era como que as nossas almas quisessem uma coisa e a nossa carne outra. Era como se tivéssemos a certeza de que tudo passaria a ser eterno entre nós e que a nossa separação não nos traria sofrimento porque era apenas geográfica.
Numa casa qualquer, de uma rua qualquer, de um bairro qualquer de uma cidade antiga... pusemos a chave à porta e tivemos a sensação de que aquela era a nossa casa. O nosso tempo era o nosso segredo... e partilhámos os nossos desejos, as nossas loucuras, a nossa ternura, o nosso medo e a nossa insensatez. Mais uma vez como se já nos tivéssemos conhecido e que já nos tivéssemos amado tanto que o amor agora já nem estava em causa. Esse já tinha sido vivido e estava resolvido, e era melhor que assim estivesse. Agora éramos duas novas pessoas loucamente apaixonadas a descobrir os nossos novos corpos, os nossos novos desejos e sensações. E descobrimos, descobrimos, descobrimos, até ao amanhecer...
Quando a manhã chegou, afastámo-nos um do outro como se não nos fosse permitida a luz do dia. Como se a noite fosse o nosso sonho perfeito e o dia a nossa mais triste realidade. Num bar qualquer, ou numa casa qualquer de uma rua qualquer, de um bairro qualquer de uma cidade antiga... já sabíamos que o amor não iria acontecer... inventámos a nossa Paixão. Era uma vez...
Hélder Moutinho
Letra: João Monge / Música: Manuel Paulo
Voz: Helder Moutinho
Guitarra: Ricardo Parreira / Viola: André Ramos / Viola Baixo: Ciro Bertini
Captação áudio: Eric Harizanos - Antena 1 Local de Captação: Maria da Mouraria
Mistura: António Pinheiro da Silva / Masterização: Fernando Nunes
Produção Rádio: Ana Sofia Carvalheda
Still Vídeo
Local: Tasca da Bela
Realização, Fotografia e Montagem: Aurélio Vasques
Era uma vez uma Paixão..."
Num bar qualquer, de uma rua qualquer, de um bairro qualquer de uma cidade antiga... entrei sem ter percebido muito bem ao que ia e onde ia. Fiquei preso. Podia até continuar a olhar para o resto da multidão, das coisas, dos pormenores, das gargalhadas, dos outros olhares, mas não; eram tudo pequenos ruídos de fundo, pequenas distrações, que faziam parte do cenário e estava tudo certo. Mas era isso mesmo, um cenário vivo de um filme a preto e branco com a personagem principal que eras tu... a cores.
Depois só faltava aquela sensação de que passaria a fazer parte do filme e desta vez já eram dois personagens a cores num filme fantástico... a preto e branco.
Caminhámos pela rua várias horas. Falámos de tudo o que foi possível, sofregamente, sobre cada um de nós. Como se nos tivéssemos conhecido tão bem noutra vida, já não nos víssemos desde o dia da nossa morte e que já tivéssemos passado pelo menos todos os anos da nossa idade.
Continuámos a caminhar e era como que as nossas almas quisessem uma coisa e a nossa carne outra. Era como se tivéssemos a certeza de que tudo passaria a ser eterno entre nós e que a nossa separação não nos traria sofrimento porque era apenas geográfica.
Numa casa qualquer, de uma rua qualquer, de um bairro qualquer de uma cidade antiga... pusemos a chave à porta e tivemos a sensação de que aquela era a nossa casa. O nosso tempo era o nosso segredo... e partilhámos os nossos desejos, as nossas loucuras, a nossa ternura, o nosso medo e a nossa insensatez. Mais uma vez como se já nos tivéssemos conhecido e que já nos tivéssemos amado tanto que o amor agora já nem estava em causa. Esse já tinha sido vivido e estava resolvido, e era melhor que assim estivesse. Agora éramos duas novas pessoas loucamente apaixonadas a descobrir os nossos novos corpos, os nossos novos desejos e sensações. E descobrimos, descobrimos, descobrimos, até ao amanhecer...
Quando a manhã chegou, afastámo-nos um do outro como se não nos fosse permitida a luz do dia. Como se a noite fosse o nosso sonho perfeito e o dia a nossa mais triste realidade. Num bar qualquer, ou numa casa qualquer de uma rua qualquer, de um bairro qualquer de uma cidade antiga... já sabíamos que o amor não iria acontecer... inventámos a nossa Paixão. Era uma vez...
Hélder Moutinho
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