Rara saída de campo da equipa Flur em conjunto para mostrar discos. Ocasião solene no Lux, um spot bem elevado no coração e parte integrante da nossa história. Rafael Toral vai apresentar ao vivo o celebrado álbum "Spectral Evolution", exemplo em continuação do seu trabalho de dedicação e pesquisa na guitarra, exemplo também do sempre adiado estatuto de reconhecimento para a experimentação portuguesa que, nestes raros casos, atravessa fronteiras, fica inscrita em letras sólidas e sai para mais ouvidos.
Mas o mérito de Toral não é recente e sim de longa data e consistente. SPQR, Pop Dell'Arte e No Noise Reduction foram parcerias antigas enriquecidas com a sua criatividade e labor. 30+ anos depois, testa e resolve conceitos com a frescura imaginativa de quem tem território arável diante de si. 2024 foi muito seu, e merecido.
Amanhã, quinta-feira 9 de Janeiro, antes e durante o concerto, das 18h às 22h, três DJs da casa Flur procuram, não entreter, mas mostrar música a quem estiver na sala. Do fundo das colecções, que cruzam com os expositores da loja. Não se pretende ensinar, mas revelar. Zero hits do momento, tudo (vamos exagerar) engenhos por deflagrar.
Às 21h esqueçam tudo, é para descer e ouvir o concerto de Toral na pista. Sobre "Spectral Evolution" escrevemos há uns meses:
"Rafael Toral passou anos a desenvolver linguagens, técnicas e instrumentos sofisticados que aperfeiçoaram o milagre de pegar numa guitarra e voltar aos drones. Há luz nos primeiros minutos, tudo se ilumina, tudo soa diferente ao Toral dos 1990s até meados dos 2000s, embora a capacidade de aproximar harmonias abandonadas continuar lá. Esses primeiros minutos são um festim, a música entra - entra mesmo - e tem uma dimensão épica, como se estivesse a dar tudo, sem derivações. São minutos encantatórios onde se monta a base do que se seguirá, uma abordagem estonteante e renovada à “música de guitarra”. Consegue isso graças ao “Space Program”, importa linguagens, sons - ou forma de chegar a eles - daí e “Spectral Evolution” expande-se com a liberdade do jazz, sem a necessidade do imediato, com a vontade de fazer perdurar. Drones de jazz, saídos do som único da guitarra elétrica de Toral, que consegue fazer com que soe uma orquestra a tocar, elevando cada instante a um patamar superior ao anterior, em contínuo. A luz inicial, essa, sempre presente, sempre a afetar-nos, física ou emocionalmente. A acelerar a nossa vontade de sorrir. Uma coisa magnífica que ressuscita, seja a guitarra de Toral, parada há anos, seja a Moikai de Jim O’Rourke, parada há mais de duas décadas e com “Spectral Evolution” encontra uma razão para voltar a existir. Sofisticação e infinito juntos, “Spectral Evolution” soa àquilo que é, o regresso que nunca esperávamos que acontecesse, Rafael Toral faz-nos ouvir um fantasma, uma realidade paralela ao longo de cinquenta minutos. Porque, afinal, isto está mesmo a acontecer?"
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