28 de março: edição online
4 abril: lançamento disco físico
Um dos músicos mais inovadores e revolucionários no panorama europeu do acordeão, João Barradas move-se com naturalidade entre os mundos da música clássica e da improvisação. O seu novo álbum, Unfolding, partiu da interpretação do Concerto para Acordeão encomendado a Luís Tinoco, um dos mais destacados compositores portugueses do século XXI. Essa colaboração inspirou ambos numa viagem criativa por várias obras de Tinoco, relidas através das possibilidades expressivas do acordeão. O álbum apresenta apelativas reinterpretações de peças para acordeão solo (Mind the Gap; Dreaming of the Unseen) e acordeão com quarteto de cordas (Ends Meet), culminando na arrebatadora gravação ao vivo do novo Concerto para Acordeão.
Unfolding é uma mostra do virtuosismo e da arte singular de João Barradas, construída a partir da versatilidade de Luís Tinoco para o desenvolvimento de sonoridades experimentais. Uma valiosa exploração do potencial do acordeão na música clássica contemporânea.
Segundo Luís Tinoco, “o projecto Unfolding começou a tomar forma quando, no ano de 2023, trabalhei com o João Barradas na escrita do Concerto para Acordeão e Orquestra – uma co-encomenda do Centro Cultural de Belém e da Casa da Música – que lhe dediquei. Anteriormente, já tínhamos trabalhado na adaptação de Ends Meet, uma peça composta em 2002 para marimba e quarteto de cordas que o João quis experimentar numa versão para acordeão. Não se tratando, assim, de escrever material de raiz, aconteceu, durante o processo de adaptação, ter o meu primeiro contacto com a minha própria música através de um instrumento que, até à data, só conhecia na perspectiva de ouvinte. Um ouvinte, diga-se, com um interesse e admiração especiais pelo percurso inspirador do João Barradas, nas duas vertentes do acordeonista clássico e de jazz.”
Para Carlos Azevedo (compositor português), autor das notas do disco, “As peças escritas por Luís Tinoco na interpretação de João Barradas dão corpo a um projeto que reúne dois dos músicos que mais admiro. A música de Tinoco é, para mim, desde sempre, uma viagem surpreendente, em que a narrativa se desenrola de forma orgânica e cinematográfica. O dom de Barradas para a improvisação não é menos surpreendente: ouvi-lo transformar sonoridades complexas em interpretações translúcidas, num estilo melódico muito fluído, de contorno rico e sofisticado, cativa a minha atenção há mais de uma década. Esta característica encaixa, a meu ver, de forma perfeita nas linhas melódicas de Tinoco, já que, também elas ricas e complexas no contorno, geram um resultado sempre muito natural, quase como se fossem improvisadas. O compositor utiliza de forma exímia uma paleta instrumental variada, com diferentes camadas que se vão sobrepondo, originando texturas plurais de grande riqueza tímbrica e orquestral. Barradas é, sem dúvida, um profundo conhecedor do acordeão, o que lhe permite tirar proveito das várias técnicas expandidas que o instrumento consegue produzir – facto esse que contribui para uma interpretação plena desta música. Estamos perante um projeto discográfico que alia a excelente e rigorosa interpretação de João Barradas a um conjunto de obras de grande mestria de Luís Tinoco. E perante um daqueles momentos simbióticos de que não nos vamos esquecer tão cedo.”
João Barradas - Acordeão
Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música
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