Depois do seu primeiro EP, eu nem queria falar de amor, Lázaro abre um novo caminho com “Sereia”, o primeiro single desta nova fase — mais depurada, mais íntima, mais próxima da pele. A canção nasce de uma relação à distância, mas recusa a fragilidade: por mais que os quilómetros tentem separar, é o coração que dita a proximidade. E é por isso que Lázaro decide deixá-la só com guitarra, para que nada distraia do essencial: a verdade que se diz quando se ama alguém que está longe, mas habita tão perto.
“Sereia” é balada, mas também é rua. Há nela um lado urbano, melodias provocadoras, um sauce novo para Portugal, onde o verão encosta à calma, o desejo se estende devagar e o R&B se funde com aquela suavidade que sempre marcou a escrita do artista. É o território onde Lázaro mergulha agora com mais firmeza: um R&B sensorial, quente, que deixa espaço para respirar, sentir e imaginar.
O primeiro EP eu nem queria falar de amor, que nos trouxe “Olhos”, “Onde é Que Vais?”, “Admite” e “Soldier”, foi o momento em que o artista apresentou uma nova linguagem: R&B, Soul e Pop a encontrarem-se numa estética clara, moderna e emocional. Agora, com “Sereia”, Lázaro faz a ponte entre aquilo que descobriu no EP e o regresso às guitarras do início, onde nasceu o seu primeiro single, “Camomila”. A memória desse tempo permanece na frase que continua a acompanhar o artista: “Faz do olhar a nossa casa / Nunca vou arrancar as pétalas da camomila” — um lembrete do sítio onde tudo começou.
“Sereia” é, assim, o recomeço depois do começo. Uma canção que confirma o que já sabíamos: Lázaro tem a rara capacidade de transformar fragilidade em força, simplicidade em verdade, e amor, mesmo o que vive longe, em música que parece falar diretamente a cada ouvinte, como se fosse escrita para a pessoa que amam.
Lázaro abre um novo capítulo. E se a “Camomila” foi o primeiro sopro, “Sereia” é a respiração funda que anuncia um artista cada vez mais seguro do seu mundo.

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