Há discos que não começam numa canção… começam num longo silêncio. “Só, Tão”, o primeiro álbum de Jay Mezo, nasce exatamente aí: num intervalo de vida onde tudo parecia mover-se menos o próprio artista. Um período suspenso, de pensamento acumulado e de uma solidão quase física, onde o mundo avançava à frente dos seus olhos enquanto ele permanecia parado, preso entre a vontade de ir e a incapacidade de sair do mesmo lugar.
Filho de duas pátrias — Brasil no coração, Portugal no corpo — Jay Mezo cresceu entre MPB, Sertanejo, Hip-Hop e guitarras de Pop-Rock. Essa dualidade é hoje a sua força motora: a música que faz nasce entre dois mundos, duas casas, dois crescimentos. Um artista de margem e estrada, com um estúdio cheio de canções e de memórias que cruzam continentes.
“SÓ, TÃO” chega depois dos temas já revelados: Tudo O Que Lá Vai Um Dia Volta, FUNK TRISTE, VINHO e 27 CLUB, e assume-se como a porta de entrada definitiva no universo de Jay Mezo. Um disco com 11 faixas onde convivem vulnerabilidade e ritmo, luz e sombra, Brasil e Portugal, introspeção e pulsação.
O que começou como um “sótão emocional”, um espaço fechado onde a visão se limitava ao imediato, transformou-se numa viagem de libertação. O álbum percorre essa curva lenta e honesta: parte de um lugar interior, denso, quase imóvel, e abre-se progressivamente até encontrar ar, movimento e uma espécie de clareza. Cada demora, cada silêncio e cada desvio tornam-se parte do processo.
Sonoramente, “Só, Tão” é a fusão que define Jay Mezo: hip hop e pop que respiram indie rock e batem no peito com o peso doce da influência brasileira. MPB, funk brasileiro, pop-rock e uma escrita marcada pela vida vivida entre dois continentes. Um álbum onde tudo é híbrido e tudo é verdadeiro: a saudade, a introspeção, o impulso, a ferida, a luz.
Mais do que um primeiro disco, “Só, Tão” é um recomeço. O instante em que Jay Mezo escolhe finalmente mexer-se, depois de anos a sentir que estava preso no mesmo tempo. É a abertura de uma porta que foi difícil destrancar mas que, agora que se abriu, não volta a fechar.
A canção “Só, Tão” inaugura o álbum com uma declaração íntima, condensando o percurso emocional que antecedeu o projeto. Dirigindo-se aos pais e revelando que a música lhe colou as fissuras do coração, a faixa expõe a solidão persistente que atravessa mesmo os momentos partilhados. Enquanto a letra mergulha num silêncio interior denso e imóvel, o instrumental cresce em energia, refletindo o ritmo frenético da vida que o rodeia. Nesse contraste, “Só, Tão” afirma-se como a porta de entrada perfeita para o universo do álbum, um território onde vulnerabilidade, movimento e verdade se encontram.
Este álbum é construído de dentro para fora e produzido inteiramente por b-mywingz, que assina também a engenharia de som e a mistura, garantindo a espinha dorsal emocional e a textura que percorre todo o álbum. As faixas “Só, Tão” e “Funk Triste” ganham nova profundidade com a co-produção de Syd -V-, enquanto todas as letras e melodias foram escritas por Jay Mezo, num registo íntimo e vivido. A masterização ficou nas mãos de Michael “Mic” Ferreira, responsável por dar o brilho final a este primeiro capítulo.
O disco de estreia de Jay Mezo “Só, Tão” já se encontra disponível em todas as plataformas digitais.

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