"Mas a quem pertence o direito de resumir a nossa vida a um pedaço de texto? Quem pode afinal escrever meia dúzia de linhas sobre o que fomos, como vivemos, o que vivemos? Biografias...
O meu ódio por biografias há-de ser sempre, e não quero resumir, fica demasiado por dizer, mas lá terá que ser e assim deixo aqui um pouco, só um pouco, do que fizeram os Ornatos, lembro-vos então do percurso, do que ganharam, deixo a perceber o que mereciam… bem cá vai:
1991 - Nasce em Março deste ano uma banda chamada “Suores dos Reis”, na voz apresentava-se Ricardo, as guitarras pertenciam a Peixe e Manel Cruz, no baixo controlava Nuno Prata e da bateria o dono era Kinorm. Mais tarde, Ricardo acaba por sair da banda e dá lugar a Elísio Donas nas teclas. De inicio todos cantavam na banda que, agora sim, se intitulava de Ornatos Violeta e apresentava a mesma formação com que acabariam a carreira. O último ajustamento à banda deu-se com a ida de Manel Cruz da guitarra para dar, apenas ele, voz à banda.
1995 – A brincadeira ganhou contornos mais sérios e neste ano participam na colectânea Freesom 95 com três temas: “Gente em Pó (basta juntar água)”, “TV” e “Madame Banho” .
1997 – Depois de inúmeros concertos ao vivo e terem dado umas primeiras passadas pelo pais, os Ornatos lançaram a sua primeira edição discográfica com o álbum “Cão!”. Cão esse que contou com a participação de nomes como a Manuela Azevedo dos Clã ou Diana Basto. “Punk Moda Funk”, “A Dama do Sinal” e “Mata-me outra vez” foram os singles que a soaram nas rádios, anunciando um dos melhores álbuns do ano.
1997 - O talento da banda foi inteiramente reconhecido pelos Xutos & Pontapés que em Outubro de 97, decidiu convidá-los para abrir os seus concertos, entre eles, um no coliseu de Lisboa.
1997 - Os Ornatos receberam o prémio de “Banda Revelação do Ano” pelo jornal musical Blitz, na a única cerimónia que em Portugal distingue os melhores da música a nível nacional e internacional.
1998 - Henrique Amaro (da Antena 3) convidou a banda para integrar o projecto “Tejo Beat”, que consistia numa colectânea de artistas portugueses, onde os Ornatos acabariam por participar com o genial tema “Tempo de Nascer”.
1999 – A banda Violeta participou de novo numa colectânea, desta vez em homenagem feita aos Xutos & Pontapés, “XX anos, XX Bandas”, foi o nome do álbum para o qual os Ornatos contribuíram com uma versão da música “Circo de Feras” dos mesmo Xutos & Pontapés.
1999 – “O Monstro Precisa de Amigos” foi o nome escolhido para o segundo álbum da banda portuense, contando com a espectacular participação dos Corvos em várias faixas, do mítico Victor Espadinha em “Ouvi Dizer” e de Gordon Gano (Violent Femmes) na faixa número seis: Capitão Romance este último álbum foi a confirmação de estarmos perante uma das melhores e mais promissoras bandas nacionais, afinal o amadurecimento da música e o som único não deixavam dúvidas a ninguém.
2000 – O Monstro arrecadou todos os prémios das categorias para que estava nomeado pela Blitz, são eles: Grupo do Ano Nacional, Canção Nacional do Ano (“Ouvi Dizer “), Voz Masculina Nacional do Ano (Manel Cruz) e álbum do Ano Nacional (“O Monstro Precisa de Amigos”). O vocalista agradeceu à música e rematou: “Acho que nunca mais vou conseguir cantar depois desta noite”.
2000 – Dia 30 de Novembro de 2000, no Hard Club os Ornatos brindaram o público com um dos melhores concertos de sempre, cheio de entrega e sintonia, o público sentia o fim próximo e entoava ainda com mais vontade todas as letras, mas frases como “ouvi dizer que o nosso amor acabou” lembravam do pior. No dia 2 de Dezembro sai um artigo no Correio da Manhã, o título antecipara o fim inevitável: “Ornatos Violeta Acabaram”.
2001 - A Banda faz 10 anos e comemora-os na "KEIMAS 2001".
2002 – O quinteto termina, no seu último concerto Manel Cruz agradeçeu a todo o pessoal técnico que trabalhou com eles, e despediu-se do público com palavras que ainda hoje me fazem tremer: “Até um dia!” "
Manuel Cruz IN http://www.manelcruz.pt.to/
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