Demorou tempo até aos Philharmonic Weed chegarem ao primeiro mundo. Pelo caminho um EP e a participação em algumas compilações. Valeu a espera…
“Primeiro Mundo” é um registo tricolor de base reggae. É na Jamaica que a banda rouba maior parte das suas energias. No entanto existem por aqui outras fontes de inesgotável inspiração.
A maior de todas vem do continente africano. Sons quentes que polvilham a musica dos Philharmonic Weed, dando-lhe um cheiro a terra que entra pelas narinas e nos sobe até ao cérebro.”Puxa Lá” com a participação de Prince Wadada é um bom exemplo.
Mas a banda apaixona-se igualmente pela cultura hip hop, ao ponto de convidar Sam The Kid para rimar no tema “A Bênção”.
Depois, somos ainda surpreendidos aqui e ali por algumas notas que trazem o funk na alma.
A presença do vocalista Milton Gulli nos Cool Hipnoise e Cacique'97, não é de todo alheia ao injectar de novas sinergias no som dos Philharmonic Weed. Aliás, isto só vem enriquecer o som da banda, dando-lhe contornos muito especiais e uma salutar elasticidade. Torna este “Primeiro Mundo” num cd vivo, que é muita coisa ao mesmo tempo, sem contudo perder o pé, mantendo à superfície uma assinalável, e sempre de aplaudir, homogeneidade.
O já longo caminho percorrido pela banda imprime aos músicos um saber fazer e um à-vontade, que servem acima de tudo para mostrar que com inteligência se podem misturar estilos e culturas. Que quando o mestre de cozinha é bom e os ingredientes frescos se cozinha um prato de se lhe tirar o chapéu.
E muitas vezes, não é necessário inventar novas formulas mágicas para que o truque resulte. Basta deixar a simplicidade correr. Deixar a música flutuar e as palavras correrem ao vento. E aqui neste “Primeiro Mundo” está tudo no seu devido lugar
Por isso agora o importante é iniciar esta viagem ao lado dos Philharmonic Weed. Com partida da Jamaica, passagem por África e chegada a Lisboa….
Nuno Ávila
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