
Olhando para o passado dos dois personagens que formam o núcleo duro dos No Data, não compreendemos de todo seu presente. A experiência devia ter ditado as regas. Faltou intuição. E faltou acima de tudo a vontade de fazer música sem se preocuparem em demasia com o que se possa dizer ou escrever.
Os No Data são formados por dois senhores desde sempre ligados à electrónica. Falamos de Carlos Maria Trindade, que passou pelos Heróis do Mar e MadreDeus, tendo a solo editado o single "Princesa" e partilhado o excelente registo "Mr. Wollogallu" com Nuno Canavarro. E falamos de Luís Beethoven que nos anos 80 editou dois singles com os Ópera Nova e fez parte dos F.A.S. (Fantásticos Abridões da Selva) que participam com um tema no mítico registo "Ao Vivo no RRV".
Por este facto "Carrocel do Mundo" cheira muito a anos 80. Numa altura em que os sons feitos entre 1980 e 1990 voltam a estar na moda, isto poderia e até deveria ser um ponto a favor. Sem querem de modo algum fazer um disco demasiado saudosista, os No Data tentam imprimir alguma modernidade ao seu som. E é neste ponto que o disco perde alguma frescura. Os temas que mais cativam são aqueles que mais buscam no passado a sua inspiração, com destaque merecido para o single "Lixo Electrónico", excelente cartão de visita que bem poderia ter sido composto pelos Ópera Nova. Destaque igualmente merecido para a "valsa"que dá nome ao cd.
Até parece contraditório o que agora escrevo…. Mas não é, pois nota-se a quilómetros de distância que estes senhores se entendem melhor com a electrónica mais naiff que se fazia noutros tempos do que com o som mais século XXI que a nova tecnologia proporciona.
"Carrocel do Mundo" traz dentro de si bons momentos. Pena é que as formulas usadas se repitam, quase durante todo o registo. Convém destacar no entanto algumas boas ideias, como seja o uso de uma guitarra portuguesa, que tenta em desespero dar um toque mais fresco ao quadro.
Por isso, certo é que, se os No Data tivessem tido como inspiração tudo que até agora os seus elementos deram à música portuguesa e todos os temas que criaram, e tivessem isso como fonte de trabalho, estaríamos agora a escrever que este era um grande disco. Mesmo que dessa maneira "Carrocel do Mundo" resultasse num disco a saber a passado. Não tinha mal nenhum em o ser… Seria de certeza mais linear e directo!
Sendo assim como é, "Carrocel do Mundo" limita-se a ser um disco que poderá passar ao lado de muita gente. Contudo, os mais desinibidos, não deixem de o escutar pois poderão encontrar por aqui um ou outro agradável momento. E eles existem… basta estar atento.
Como se disse, os No Data, tinham tudo para fazer este disco de outra forma. Mas eles é que são os artistas e sabem muito melhor do que nós como querem gerir a sua carreira. E se é assim que querem escrever musica… que assim seja… Para o bem e para o mal!
Nuno Ávila
Nuno Ávila
Sem comentários:
Enviar um comentário