segunda-feira, 13 de abril de 2009

Born A Lion - “Bluzebu” (Lux Records)



A pesar do nome, o segundo disco dos Born A Lion é um registo menos blues que o anterior. Esta nova etapa mostra-nos um grupo muito mais voltado para o rock.
Quando iniciou a sua actividade, a banda sempre se afirmou influenciada pelo grande som que emergiu dos gloriosos anos 70. Depois de escutarmos o primeiro registo, a afirmação parecia fazer pouco sentido. Agora sim, passado todo este tempo percebemos o que sempre quiseram dizer.
“Bluzebu” é um disco que penetra nos anos 70 e se deixa levar pelo som de bandas como MC5, Led Zeppelin, Motörhead, Black Sabbath, Deep Purple e Rolling Stones.
A maior referencia de todas é Black Sabbath, ao ponte de na faixa “Soldier Blues” Rodriguez aproximar a sua forma de cantar à de Ozzy Osbourne.
Contudo, a espaços este registo continua a ir buscar alento a sons como o blues e o country. Só que agora estas referencias, aparecem quase sempre tapadas pela grande massa de guitarras rock.
É fácil então de perceber que “Bluzebue” é um disco de rock puro e duro. Um registo directo, sem grandes artefactos, que tem como arma de arremesso as suas músicas.
Pena é, que a produção e masterização não tenham sido mais cuidadas. Em algumas partes do disco perde-se a essência do som, com a voz de Rodriguesz a mergulhar demasiado na muralha de guitarras e quase a perder o pé. Existe aqui e ali, algum desequilíbrio, provocado pelo facto de alguns temas terem sido gravados fora do poiso onde a banda registou a maioria deste disco.
“Bluzebu” merecia de facto outro brilho, que atinge a espaços em temas como, “Soldier Blues” e "Rock’N’Roll Tone” por exemplo. Merecia outra vida, porque aqui existem de facto grandes temas. Estamos perante três músicos com rock nas veias, que sabem o que querem desta vida lixada de artista.
Sabemos que é no palco que os Born A Lion mais sentem a musica. E estes 11 temas têm tudo para dar em estrada. Os Born A Lion são verdadeiros animais, quando enfrentam uma plateia, isto mesmo estando o vocalista perdido entre pratos e peles, tocando bateria e cantando.
De “Bluzebu” ficam-nos 11 temas que devem tudo ao rock. Ficam-nos excelentes momentos. E fica-nos a certeza de que o amor desmedido que a banda tem a esta causa, não lhes devia ter tolhido a percepção do que é ter um disco límpido, não sendo ele , contudo, demasiado produzido.
Sim, porque o rock quer-se sujo, cru e bruto! E este rock tem tudo isso… só que não o dá é sempre a perceber.


Nuno Ávila

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