segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Sam Alone & The Gravediggers - “Youth In the Dark” (Rastilho Records)


















Sam Alone é Poli. Poli, sim,  o senhor que empresta igualmente a sua voz aos Devil In Me e aos Sons Of Misfortune. Os primeiros praticantes de um hardcore brutal, os segundos filhos do rock dos anos 70. Podemos afirmar com propósito que Poli tem personalidade tripla. Três projectos distintos, aos quais o músico empresta almas diferentes, sem criar semelhanças entre eles. Possível, apenas para aqueles que vivem a música com paixão. Que a observam com vistas largas, não tendo de medo de soltar todos os seus gostos.
Chegado ao seu terceiro disco, Sam Alone atinge uma maturidade invejável. Rodeando-se de um naipe de músicos de inegável qualidade, apresenta-nos um disco escorreito, que se ouve do principio ao fim com enorme prazer. A seu lado tocam: Matos (baixo), Guru (bateria), Ricardo (teclado), João (guitarra) e Sega (guitarra).
Diz o press de apresentação que as maiores influências de Sam Alone vêm de Johnny Cash, Bob Dylan e Bruce Spingsteen. Que o músico bebe inspiração na folk e no blues.
Deixem que vos diga, que neste “Youth In the Dark”, Sam Alone presta um grande tributo a Bruce Spingsteen (até na voz), sendo que as referências que se fazem a outros artistas estão muito mais camufladas. Este é muito mais um disco de rock, que os anteriores. A folk aparece mais disfarçada, saltando a espaços quando se ouve uma guitarra acústica. O blues está mais transformado. Sam Alone cria agora um som muito mais encorpado. Preenche as suas músicas com muita mais carne.
Somos levados a crer que a estrada,  que os concertos fizeram o som evoluir assim. Este disco, é um registo muito mais de palco. Tem uma força que nos passa a vontade de o escutar ao vivo.
Sam Alone e os seus companheiros evoluíram na direcção certa. Cresceram. Moldaram soberbamente o seu som. Sem perderem a sua identidade rumaram por um caminho que de certeza irá encontrar muitas mais pessoas nesta viagem.
Sem fazer grandes truques, nem inventar muito, Sam Alone, apresenta, mesmo assim, um disco intenso, com um som bem trabalhado. E discos, destes, frontais, sem medo de serem o que são, são sempre muito bem vindos. Sim, porque apesar de todas as comparações possíveis este disco tem uma alma muito própria.

Nuno Ávila

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