terça-feira, 14 de abril de 2015

ALDINA DUARTE COM NOVO DISCO






















ALDINA DUARTE - Romance(s) »» é editado a 27 Abril

"Maçã de Adão" e "Dois Ponteiros" são os dois primeiros temas retirados de Romance(s)

"Maçã de Adão" 
Isto é fado: a mulher que fica farta do homem, lhe põe um skate nos pés e não se arrepende de nada… e ainda tem sempre uma ponta de ironia para enxovalhar! Um clássico!!!!

Paulo Junqueiro

"Dois Ponteiros"
Imagine-se um gato preto chamado Fado. Esta pode ser uma das suas sete vidas. E começa no mar. O barqueiro está pronto. A fadista (ou será sereia?) também. Lá vão eles na penumbra seguindo um quase farol meio apagado, até à ilha onde os fados impossíveis se tornam crua realidade. Há gata na costa. E um romance, que são dois, vale por três.

José Mariño

Aldina Duarte canta, à guitarra e à viola, pela primeira vez um romance escrito em verso, porMaria do Rosário Pedreira, para as melodias do fado tradicional. O fado deste encontro de duas amigas, inesperadamente, passou a ser o fado de três amigos; Pedro Gonçalves, produtor musical do disco, inventa uma espécie de banda sonora para a mesma história, na qual Aldina Duarte reinterpreta os temas originais, sem guitarra nem viola, e com a participação de Ana Moura, Filipa Cardoso e Camané, surgindo assim um disco duplo que só podia chamar-se Romance(s).

CONFISSÕES
AMOR: A vida é um direito ou um privilégio?
AMIZADE: E o amor?
ELE: E a amizade?
ELA: E o talento?
ELE: E o trabalho?

ELA: Temos direitos e privilégios, todos dizem o mesmo e todos se afastam por chamar o mesmo a coisas opostas, na maioria das vezes.

ELE: "Ama e faz o que quiseres", diz Santo Agostinho, porém, palavras de santo às vezes não chegam à terra. Contudo, aconteceu serem o único alimento capaz de salvar um coração destravado de uma alma desnorteada.


ELA: " Só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, habitação, saúde, educação", como diz Sérgio Godinho, e vozes de poeta chegam sempre ao céu.

ELE: Da paixão renasço muitas vezes. Conheço alguns recantos na eternidade e o canto da coragem e da beleza.

ELA: Reconheço muitos caminhos muito diversos, mas em todos um sentido comum: existir por alguém e ser melhor pessoa só por isso.
Aldina Duarte

Abri o email e li-o com muita atenção. Era um convite para produzir este disco que tem nas suas mãos. Depois ligaram e só aí percebi que era realmente eu o destinatário e pensei: “Não percebo nada de fados…Nem sei se percebo alguma coisa de música”.

Ao conhecer melhor a Aldina e todo o seu mundo percebi, creio, que para ser fadista tem de se possuir qualidades raras: o profundo e sincero empenho, a entrega absoluta e uma generosidade abissal para com a música, músicos e ouvintes.

Passei semanas a pensar e experimentar, sem sucesso, soluções para este disco. Ouvi fadistas de várias gerações e estilos, música de todo o tipo, mas continuava sem encontrar a solução. Sabia apenas que para mim o fado era como filigrana e a simples ideia de o transformar num mutante criava-me calafrios. Até que o meu amor, Ainhoa Vidal, me revelou esta ideia genial de fazer dois discos. O primeiro seria de fado e o segundo a minha visão/versão destes fados. No fundo resumia-se a contar a mesma história como que através de pessoas diferentes.

Maior presente do que poder trabalhar com uma artista tão completa como a Aldina, foi ganhar a sua amizade e poder conhecer uma das pessoas mais extraordinárias que esta vida me deu.

Continuo sem perceber nada de fados, mas ganhei uma grande amiga para a vida.

Pedro Gonçalves

Uma espécie de livro

Não é fácil fazermos amigos do peito depois dos quarenta, mas, quando conhecemos a Aldina Duarte, o difícil é não querermos tê-la como amiga. Eu queria e, afinal, não precisei de muito para que a nossa amizade se consolidasse: além do fado – que foi o que nos reuniu nessa noite de 2007 em que nos conhecemos –, uniu-nos uma incessante vontade de aprender e, acima de tudo, a paixão pelos livros. Foi, por isso, quase natural que, após Contos de Fados(um álbum que era já uma homenagem da Aldina à literatura e às suas histórias), embarcássemos juntas num projecto que consistia em fazer um disco (então, era só um) que fosse uma espécie de livro – no caso, um romance, uma narrativa que acompanhasse diversas personagens e fosse contada de fio a pavio através de fados, cujas letras eu escreveria para melodias escolhidas pela Aldina.

Depressa concluímos que teria de ser uma história de amor – já que é de amor que falam, normalmente, os seus fados e os meus versos; e, porque os romances de que ambas mais gostamos quase nunca têm enredos lineares e finais felizes, logo surgiu a ideia de criarmos obstáculos e dificuldades, drama e tragédia, trazendo para a cena um triângulo amoroso, cujos vértices são um homem e duas mulheres que o amam. A morena, que é quem conta a história, foi a escolhida (depois de alguma hesitação, é certo) para um relacionamento sério, o que, de resto, lhe custou a velha amizade da loira. São, ainda assim, alegres os tempos da sedução e do namoro, mas um desagradável incidente na festa do casamento constitui, afinal, o prenúncio do que fatalmente se seguirá: as desavenças, o ciúme, a traição e, como não podia deixar de ser, a separação propriamente dita, que leva à raiva, à saudade e ao luto. Porém, quando tudo parecia resolvido, alguém fala da morte próxima desse homem e logo despertam os fantasmas adormecidos. Resta saber se o amor vale mais do que a amizade...

Foi a amizade que tenho pela Aldina o que me levou, horas e horas, dias e noites, a andar de um lado para o outro com versos na cabeça, palavras que eu queria que fossem, sobretudo, dignas da sua voz e da sua sempre magnífica interpretação. E, embora possa parecer agora a quem ouça este romance que tudo flui, não pensem nem por um segundo que foi fácil: é que, além de contar uma história complexa numa dúzia de episódios-chave sem que nada de essencial se perdesse, foi preciso fazê-la caber nos espartilhos certos, porque a Aldina, não contente com fazer coisa nova do lado das letras, ainda quis trazer para o CD uma colorida paleta das melodias do fado tradicional, obrigando-me a formatar as minhas ideias em quadras, quintilhas, sextilhas, fados com refrão, redondilhas, decassílabos, alexandrinos, enfim, um autêntico curso sobre a matéria. A sorte é que, tal como ela (e com ela), eu adoro aprender. 

Maria do Rosário Pedreira

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