segunda-feira, 6 de abril de 2015

Beautify Junkyards - “The Beast Shouted Love" (Nós Discos)















Já por aqui escrevi muitas vezes que o segundo disco de uma banda pode ser um estigma para os seus autores. Isto, porque o segundo despertar de um grupo, é normalmente o registo da afirmação ou quando muito da confirmação.
Alheios a tudo isto os Beautify Junkyards gerem a sua carreira, fazendo aquilo que lhes dá na real gana. Ou não fossem eles gente com muitos anos de música no corpo.
Depois de um primeiro registo apenas de versões, e quando todos poderíamos pensar que o caminho da banda era o da recriação, eis que nos apresentam um segundo disco onde aparecem apenas criações suas.
E o que nos deixa confusos é o porquê de um inicio de carreira fazendo versões de alto gabarito, quando existe tanto talento em nome próprio a brotar das suas veias. O melhor é ficarmos definitivamente alheios a estas questões e desfrutarmos de cada um dos seus discos intensamente, como grandes obras que são de facto.
“The Beast Shouted Love” é um diamante em bruto esculpido por mãos sábias. Um disco de um pop de fino recorte, que nos enche a alma. Canções intimas que nos fazem andar nas nuvens. 
Este é um registo para ser ouvido atentamente pois está cravejado de sublimes detalhes. Um disco feito de subtis arranjos, mas arranjos muito certeiros. Por aqui somos brindados por um som por vezes mais acústico, por outras por canções acamadas por uma eletrónica que os aconchega e os engrandece.
“The Beast Shouted Love” é um disco enorme que volta a demonstrar que esta gente, que nos lembramos de ouver por exemplo nos Hipnótica, continuam a ser dos melhores criadores de canções que este país tem.
Depois do que já se disse, é fácil perceber que este é um disco obrigatório. E ele estará mesmo aqui ao lado a partir do fim de Abril. Para já podem conhecer o single e aguçar o vosso apetite (http://nosdiscos.pt/discos/destaques/rainbow-garland).
Continua assim em grande um grupo que depois de ter conseguido já um reconhecimento internacional, com um disco de versões de bandas e artistas dos anos 60 e 70, nos oferece agora aquilo que também tão bem sabe fazer. Canções suas, que prometem continuar a encantar todos, não escondendo que é das bandas e artistas dos quais fazem versões que vêm naturalmente as suas maiores influências.

Nuno Ávila

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