"Arruda" assenta num contagiante clip vocal que se vai transformando de blip em voz reconhecível. Uso discreto e com estilo de cordas e pandeireta, uma linha de baixo composta por um padrão "ácido" e a habitual assinatura rítmica midtempo pesada. "Arruda" é também o apelido dos irmãos Alberto e António que, com Sara Eckerson, formam os Niagara; "Abacaxi Limão" introduz baixo ao vivo como âncora do groove, junto com percussão mais disfarçada, enquanto aqueles beats duros, na frente, acrescentam um passo robótico. Por esta altura já se percebe claramente o som de Niagara; "Legume" abre o lado B com distorção repentina mas depois tudo se joga na relação entre um baixo bem profundo e as teclas. As coisas ficam mais espaciais e pastorais na segunda metade, culminando com uma flauta a conduzir o final; "Cheetah" soa como um clássico perdido de Chicago, nunca cedendo à suavização. É familiar mas também difícil de catalogar e constitui valiosa contribuição para a hipnose induzida por estes beats lentos mas muito assertivos; "Alagarta" dispara mil raios de Sol numa manifestação de felicidade na pista de dança, apesar de estar longe de ser uma típica faixa funcional para dançar. É aqui que a ética de produção ao vivo de Niagara mais se nota e não podemos evitar um largo sorriso quando a cascata de blips conduz à conclusão. Complexo e glorioso.
ARTISTA: NiagaraTÍTULO: “Ímpar”
EDITORA: Príncipe
FORMATOS: Vinil 12’’ / Digital
CAT#: P010
DATA DE EDIÇÃO: 2 Junho 2015
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