Os Talbot eram, para quem vos escreve, até à bem pouco tempo um grupo desconhecido. Quando comecei a tomar contacto com a dupla e com o seu primeiro registo, e por lá encontrei a colaboração de músicos que admiro, a curiosidade começou a crescer. Falo de gente como Cláudia Efe dos Micro Audio Wave que participa na faixa “Apática”, de M-Pex que empresta a sua guitarra portuguesa a “Tyto Alba”, e de Armando Teixeira que masterizou o disco.
Quando vi o clip de “Voo Circular” rejubilei. Uma canção belíssima que me encaixou na memórias uma das minhas bandas nacionais de eleição, os Ermo.
Estava em pulgas para ouvir o disco. Quando me chegou às mãos, foi logo direito para o leitor de cds. As minhas melhores expectativas estavam ganhas. A primeira conclusão que pude tirar, é que não é de todo inocente estar aliado o nome de Armando Teixeira a este disco. “Talbot” tem em muito dos seus 15 temas o toque lânguido da eletrónica de uns Balla.
Como se pode depreender das minhas palavras estamos perante um registo onde a eletrónica domina, e reveste da melhor maneira canções pop. Mais do que sons que nos façam agitar o corpo, este registo tem muito da sua beleza, no lado mais introspetivo das suas canções
Os Talbot, para além dos acima referidos juntam ainda neste seu primeiro registo, participações de Lydie Barbara e Ana de Barro nas vozes e de Nuno Lima, na guitarra. Gente que ajuda a colorir de forma brilhante alguns dos seus temas.
Por aqui, na escrita, temos palavras dos próprios Talbot, de Charles Baudelaire, de João Eduardo Ferreira ou Manuel Halpern ("Voo Circular", "Ponto Morto", "Paysage", "Tyto Alba" ou "Apática") .
No conjunto, temos em mãos um disco de fino recorte. Um registo em que as canções foram trabalhadas como se fossem pérolas, para brilharem da melhor maneira. Nada aqui foi deixado ao acaso.
Deixem-me roubar as palavras dos artistas para vos dizer que neste disco “há qualquer coisa de voo circular a pairar”. Quanto mais não seja pelo facto de que quando chegamos ao fim, não resistimos e voltamos de novo a “Ultramar”. Este disco é um autentico circulo vicioso.
Este duo é composto por Paulo Romão Brás e Miguel Ferreira, aliados desde outros tempos no projeto electro-experimental Low Pressure System. Em Talbot trazem uma outra forma artística de estar na música, criando canções puras e crivadas de sentimentos que nos afagam a alma.
Os Talbot são agora companheiros de muitas das minhas viagens sonoras. Bem dita a hora em que este disco chegou aos meus ouvidos.
Nuno Ávila
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