Vatsun deixa-se decifrar primeiro no que é mais óbvio: a sua "Mão Esquerda" é uma colecção de cinco canções onde as melodias de piano são recortadas por batidas ameaçadoras e hostis. Na voz, nada mais que um conjunto de pistas harmonizadas para desvendar o estranho caso dos cinco dedos de uma mão. Na Surdina um indicador pede silêncio para poder chamar, a Rainha mostrará o médio a quem discordar, o polegar pede boleia para o outro pólo via GPS, o anelar compromete-se a ser apenas um Peão na cidade, e o mindinho adivinhará o segredo do Mal que aflige o mundo.
Menos óbvio mas mais importante é o que Vatsun representa: um colectivo de artistas que orbitam à volta da ideia de canção para criar uma atmosfera original. Vatsun escreve e produz, mas o fotógrafo Jorge Serra capta a luz e a sombra da escultura gerada tridimensionalmente que faz a capa do disco, Manuel Lino é um experiente fotógrafo musical que assina o videoclip para "GPS", e outros artistas como Ana Cláudia e Miguel Ferrador (D'Alva, Isaura) assistiram tecnicamente na produção da Mão Esquerda.
Vatsun pode agora ocupar um espaço na canção portuguesa que ainda ninguém tinha reclamado: o do futuro.
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