Fala-se bastante do circuito underground de música portuguesa mas não se fala o suficiente do tamanho das suas salas. Caves, quartos-andares, salões improvisados, verdadeiros funis de concubinato entre o post-punk post-rock e post-outra coisa qualquer, muito frequentemente apadrinhados pela eletrónica que há de sempre ser new mas acima de tudo sempre retro. Os espaços onde Bardino levou o EP homónimo não foram esses espaços, foram espaços novos.
Sim foram Maus-hábitos, sim foram Damas, sim foi GrETUA, mas só os nomes é que fediam a punk de apartamento: foram espaços largos por uma noite.
Já descrever Bardino é um bocado tentar tocar flauta com os pés: num mundo absurdo haverá com certeza um astronauta de 42 anos a viver em casa dos papás que dirá que é como se Battles tivesse perdido o gaguejo, como se houvesse breaks de Liquid Tension sem o 90’s Motard, como se Black Bombaim tivesse mais luz e menos violência, como se tivéssemos que falar de música para conseguirmos falar de música.
A coisa é muito simples: não é jazz mas é como se o prog-rock tivesse sido inventado por japoneses jardineiros. Há teclas, percussão, cordas e agora um saxofone que conheceram durante as Look Closer Sessions: Fábio Almeida.
Não adianta dizer mais nada: há um LP a ser lançado, finalmente, em 2020. O resto, é espaço a abrir espaço.
Ah, são quatro, e são do Porto. Têm um single novo e chama-se “Intrépido”.
- Bruno dos Reis
BARDINO
Diogo Silva - baixo
Nuno Fulgêncio - bateria
Pedro Cardoso - guitarra
Rui Martins - teclados
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