A primeira pergunta que, muito legitimamente, se fará é: “e não é isto mais do que um conjunto de canções coladas umas à outras?”. E a resposta é: não. Há uma unidade narrativa nesta canção da mesma forma que a há mesmo quando nos parece que aquilo que já vivemos foi noutra vida.
A tentativa aqui é a de representar a vida de forma expressionista, ancorada em vivências específicas sem que seja um diário.
Está aqui um percurso que não deve ser entendido como um conjunto de etapas individuais e independentes. Aqui não há etapas, só troços do caminho.
Restringir um disco a um conjunto de canções com alguma unidade musical pode fazer sentido comercial, mas sem sempre será a melhor forma de criar o objecto artístico desejado.
Feito a intervalos entre confinamento e teletrabalho, este é o primeiro disco de Diogo Augusto desde que, em 2017, os Jack Shits lançaram um EP de Natal.
Uma guitarra acústica, uma guitarra eléctrica e um computador foram as ferramentas físicas que fizeram este trabalho.
Este é um trabalho que nega a música como mero instrumento de construção de canções e a vê, antes, como um conjunto de linguagens que permitem criar arte. E o objectivo da arte, mais do que ser agradável ou vendável, é transmitir representações do real que permitam novos horizontes de possibilidade.
Isso quer dizer que o público primordial deste disco é o seu autor, caso contrário, nunca teria sido feito. O resto que vier é bónus.
Escutar aqui.
Créditos:
Escrito, composto e gravado por Diogo Augusto, em Edimburgo, Escócia.
Masterizado por Nick Suave.
Artwork por Diogo Augusto
www.experimentaculorecords.bandcamp.com
www.diogoaugusto.bandcamp.com
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