terça-feira, 8 de agosto de 2023

LISBOA SOA EM AGOSTO











A edição deste ano do Lisboa Soa decorre no Quartel Largo Cabeço de Bola e Carpintarias de São Lázaro, entre os dias 24 e 27 de agosto. São várias e únicas as instalações sonoras que aguardam o público visitante.

Já imaginou ser tocado e abraçado por ondas sonoras? Sentir o toque invisível do som, é a experiência que Stefanie Egedy proporciona numa instalação sonora à qual ninguém vai ficar indiferente. De 24 a 27 de agosto, no Quartel Largo Cabeço de Bola. De França, Vincent Martial traz-nos uma forma diferente de compor música utilizando velas e matéria em combustão. Flores, madeira, sal e uma multiplicidade de materiais são bloqueados em camadas na cera para produzirem o seu som de forma temporal através do efeito do fogo. Crackling Songs, de 24 a 27 de agosto, no Quartel Largo Cabeço de Bola.

Neste mesmo espaço, Cláudia Guerreiro irá apresentar uma instalação audiovisual em colaboração com Rui Carvalho (Filho da Mãe), um desenho em movimento que é uma escavação em tempo real que procura a luz, construindo e desconstruindo, escavando como se de uma gruta se tratasse. Marta Zapparoli apresenta a instalação e performance Interdimensional Generated Space, a partir de antenas que captam a rede invisível de comunicação sem fios e de alta frequência que atravessa o nosso corpo no dia a dia. Estas ondas de rádio são a representação do "Outro que-não-o-humano” e uma porta aberta para a consciência da multiplicidade do nosso ambiente urbano.

O artista libanês Tarek Atoui apresenta uma performance a solo que reúne material sonoro étnico variado e sons eletrónicos sintetizados com o seu próprio software e interfaces. Durante esta performance, materiais e corpos expressam-se mutuamente até que todos os limites geográficos, temporais e físicos entrem em colapso. The Crossing às 23h nas Carpintarias de São Lázaro. Também nas Carpintarias de São Lázaro, Rudolfo Quintas apresenta a exposição Darkless - A journey of Acoustic Embodiment, onde reúne, pela primeira vez, um conjunto de instalações imersivas e interativas, entre as quais “Black hole” e uma nova versão interactiva e lumínica da obra “Can I Hear You Dance?”, o filme “SONIAL” e o workshop “Blind Sounds”, permitindo um olhar alargado sobre esta investigação artística em que o artista colabora com pessoas cegas em processos de criação nas artes digitais, envolvendo inteligência artificial e realidade virtual.

Lula Pena apresenta-se num registo bastante diferente do habitual. A poeta, compositora e artista visual portuguesa desenvolve atualmente um trabalho exploratório intermedia e interespécies. A 27 de Agosto, pelas 19h no Quartel Largo Cabeço de Bola, fará soar a composição sonora abrir o concreto para que o espontâneo brote, e o concreto se escute, um diálogo entre Planta e Humano, em que a artista abraça o terreno da incerteza e o tempo da escuta.

Durante esta edição, o festival lança a sua primeira edição discográfica, Sounds Within Sounds, um álbum editado pela label portuense Crónica Eletrónica, que resulta de uma encomenda feita pelo Lisboa Soa a quatro artistas portugueses, que mergulharam no arquivo sonoro do festival e dele criaram novas interpretações e significados.

PROGRAMAÇÃO PARA TODA A FAMÍLIA

A programação do Lisboa Soa integra workshops para crianças que promovem um universo experimental e de sensibilização, nas relações entre os temas da ecologia, o lado plástico da manualidade e os exercícios de escuta e de produção sonora. Nos dias 26 e 27 de agosto entre as 14h30 e as 16h, Angela Martin, Nuno Torres e Tiago Fernandes da Musgo Azul convidam os mais novos a participar na Oficina de Gambozinos (sábado) e Bombas de Sementes (domingo). O Programa Educativo inclui também workshops sobre som e escuta performativa, corpo e baixas frequências, música interativa, canto improvisado e caminhadas multissensoriais. A entrada é livre mas limitada à lotação de cada oficina, pelo que é necessária inscrição através do email do festival.

Lisboa Soa, um festival de arte sonora, ecologia e cultura auditiva, que procura valorizar a criação artística contemporânea atribuindo-lhe um contexto social e ecológico, de intervenção direta no espaço e fomentando a participação de diferentes públicos através da fruição de instalações e performances sonoras, da participação em oficinas de educação auditiva, de encontros e caminhadas focadas no sentido da audição.

Esta edição do Lisboa Soa parte da ideia de Multipli.Cidades, procurando destacar a importância de abraçar as diferenças e promover a coexistência entre comunidades, humanas e não humanas, dentro dos espaços urbanos.

A cidade quer-se plural, igualitária, digna, por isso deve respeitar a diversidade e adotar políticas inclusivas como elemento-chave do bem-estar individual e social, como expressão da riqueza cultural e base vital da sua identidade. Sabemos hoje que esses valores estão intrinsecamente ligados aos processos ecológicos e que as desigualdades sistémicas desafiam a capacidade das cidades de alcançar uma sustentabilidade real”  refere Raquel Castro, fundadora do Lisboa Soa que acontece desde 2016.

O Lisboa Soa inspira-se em espaços públicos que não são apenas ecologicamente conscientes, mas também socialmente justos e inclusivos. Nesse contexto, a proposta do Lisboa Soa para o Quartel Largo Residências e as Carpintarias de São Lázaro é a de criar um espaço coletivo que possibilita a experiência sonora, mas também multissensorial, em ligação íntima com a cidade nas suas múltiplas cidades dentro.

Programa em: www.lisboasoa.com

SOBRE LISBOA SOA

O Lisboa Soa é um festival de arte sonora, ecologia e cultura auditiva, criado em 2016 por Raquel Castro, que resulta de um longo percurso de pesquisa e dedicação aos estudos do som e da ecologia acústica.

Através de instalações e esculturas sonoras, performances e caminhadas, música gerada por computadores, instrumentos processados ou dispositivos variados como objetos do quotidiano, elementos orgânicos ou dados científicos que se convertem em som, o Lisboa Soa tem o objetivo de enquadrar e focar as pessoas no que estão a ouvir e provocar uma reflexão sobre o ambiente e a sociedade. Estimular a escuta para melhor entender o lugar que ocupamos e despertar uma maior consciência sobre o impacto da presença humana no planeta.

O Lisboa Soa é o primeiro festival em Portugal a focar-se no cruzamento entre arte sonora, ecologia e cultura auditiva, oferecendo a artistas nacionais e internacionais um espaço de experimentação e descoberta, de partilha e comunidade. A programação do Lisboa Soa foca-se na ideia de cidadania e responsabilidade coletiva através da escuta, enquanto princípio elementar para a atenção e empatia. Escutar torna-se, essencialmente, um ato político.

O festival é produzido pela Associação Cultural SONORA, em parceria com a CML/EGEAC, a Largo Residências e as Carpintarias de São Lázaro.

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