“Despolido esteve para chamar-se Paialvo, porque o Tiago Cacheiro vive lá. No laboratório de revelação apenas os raios de luz vermelha e o gato podem entrar e é difícil de perceber onde começa o vale e acaba a casa porque o ponto de fuga é trespassado na terra de ninguém por cabos de electricidade paralelos ao horizonte. Essas linhas paralelas alimentam o arpejo do Juno e do Dave Smith, para sempre separados. O segundo é bastante mais rouco e despenteado que o primeiro, mas a direcção é a mesma e é para lá que o Tiago olha e sorri.”
"Despolido Ray of Red Light" conta com a participação de Tiago Cacheiro na palavra e é hoje lançado em vídeo, tendo já sido revelado nas apresentações de Fractal.
Rui Gaio é um pianista e compositor, recria ambientes e objectos sonoros com sintetizadores, misturando-os depois com piano e voz. Residente em Lisboa, estudou no Conservatório Regional de Tomar, a sua cidade natal. Em paralelo à atividade da sua banda Peltzer, decidiu acolher a imagem em movimento como componente das suas criações, combinando captações visuais com a sua música e publicando-as enquanto peças audiovisuais musicais, os everydays. Durante a pandemia, por motivos óbvios, as criações dispararam.
Estes everydays foram a melhor forma que Rui encontrou para se preencher e exteriorizar o que via e sentia. Rui Gaio e os 365 everydays é um projecto audiovisual musical sobre o quotidiano de pessoas, lugares e não-lugares. Numa frenética odisseia criativa, a experiência do quotidiano é convertida em peças musicais, combinada com imagens em movimento e imediatamente publicada. Tendo como base o piano e sintetizadores, estas peças designadas de everydays vão-se avolumando até completar o objectivo utópico de alcançar o número 365. Até agora, Rui Gaio lançou mais de sessenta peças, algumas das quais com colaborações musicais e audiovisuais, como é o caso de Bia Maria (voz); Inês Fat (voz), Sofia Martins (violino) André Matos Cardoso, Jéssica Baptista, Fernando Mamede (cinematografia), Tiago Cacheiro (palavra) e António Poppe (palavra).
Ao vivo, a face performativa do projecto 365 everydays de Rui Gaio traz para o palco a força criadora que as imagens em movimento oferecem. Delas emanam sons de outros quotidianos que se misturam com as progressões naturais do piano e sintetizadores tocados ao vivo. As imagens terão o papel de substituir musicalmente algumas percussões, texturas e ambientes, impondo uma arquitectura sónica estranha ao espaço onde decorre o espectáculo. Pontualmente, algumas canções levarão o espectador para terrenos mais sólidos, com estruturas melódicas e harmónicas simples e memoráveis, devidamente guiadas pela palavra cantada.
A 22 de Julho de 2021, lançou o álbum 365 everydays em formato digital expanding play. Embora o YouTube seja a base do projeto audiovisual, o álbum pode ser ouvido em streaming no Bandcamp. Em Junho de 2022 lançou Efémera, um álbum-livro com 12 everydays.
A 25 de Setembro lançou Fractal, sucessor de Efémera, numa edição limitada e numerada a 240 exemplares com design gráfico de João Flecha e Filipa Oliveira. Ambos com ilustração de capa de Engrácia Cardoso, impressos em serigrafia, com direção artística de Catarina Machado e o selo da SudSud. Contou com apresentação em formato único e especial na Chasing
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