Visto hoje parece que falamos de outros tempos, mas em razão de verdade TALES FROM THE SUBTERRANEAN não teria existido, tal como é, se não fosse a pandemia. Julius Gabriel - virtuoso saxofonista que conhecemos da dupla Paisiel - começou a forjar o ambiente sonoro deste seu quinto disco em 2020. Nessa altura, estava confinado ao seu apartamento de Hamburgo e, como nós, envolto na dúvida constante sobre o que seria uma amanhã de concertos cancelados. Não é raro que a adversidade seja o primeiro passo para a criatividade e, aqui, o espaço impôs-se, pelo melhor. Preso a um apartamento sensível acusticamente, Julius focou-se na realização de exercícios frequentes com os dedos, procurando aprofundar o seu entendimento sobre os sons mecânicos do saxofone. Essa prática inspirou a ideia de amplificar os ruídos das chaves através do uso de um sistema de captação com microfones de contato, que acabaria por culminar na construção de um pré-amplificador de oito canais que podia ser montado no instrumento. Daqui até à gravação em estúdio de TALES FROM THE SUBTERRANEAN - disco a editar na reta final de março numa colaboração entre a Lovers & Lollypops e a editora alemã Ana Ott - foi um passo. Um registo onde congrega as influências do colaborador de longa data - o percussionista João Pais Filipe, o universo dos Raggas e da música indiana (com particular enfoque no álbum Ritme Jaavdanegi, de Mohammad Reza Mortazavi) e as técnicas e ritmos explorados em isolamento.
Hoje liberta-se a primeira peça deste puzzle imersivo, Footworks fica disponível em vídeo no canal de YouTube da Lovers & Lollypops e no bandcamp. Uma peça muito apontada para a pista de dança, que explora a autonomia de ritmo e melodia no saxofone. .
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