O festival "Dar a Ouvir" entra na sua última semana, concluindo uma programação diversificada que teve início em 18 de julho e que se estende até 1 de setembro. Durante esse período, o festival celebrou a escuta atenta do mundo através de uma série de atividades artísticas envolvendo artistas de várias partes do mundo, incluindo Brasil, Eslovénia, Espanha, Portugal e Suécia, todos eles focados na investigação artística e académica em torno do som.
No dia 31 de agosto, às 19h00, o concerto "Arquivo Sonoro II" destacará os músicos João Hasselberg, Rui Maia e Pedro Melo Alves, que explorarão o Arquivo Sonoro do Centro Histórico de Coimbra para criar um espetáculo original, resultado de uma residência artística que usa os sons da cidade como base.
Antes disso, às 18h00, Gil Delindro apresentará a performance sonora "VOIDNESS OF TOUCH" no Convento São Francisco, em parceria com o Festival Cem Portas. Nesta apresentação, Delindro, que é reconhecido pela sua ligação à música de vanguarda e por sua participação no movimento "echtzeitmusik" de Berlim, unirá forças com a música Teresa Castro para criar paisagens sonoras viscerais, utilizando elementos orgânicos como água e madeira processados através de eletrónica analógica.
Delindro é conhecido internacionalmente, tendo apresentado seu trabalho em espaços de referência como Ausland e Berghain em Berlim, e festivais como Novas Frequências no Brasil, onde sua performance foi destacada pela revista Quietus como uma das melhores do evento. O artista já colaborou com figuras como Gustavo Costa, Rafael Toral e David Toop, e tem trabalhos publicados por editoras como Tzadik de Nova Iorque.
Com a possibilidade de visita até dia 1 de setembro, no Convento São Francisco, a exposição "A Natureza não reza", também de Gil Delindro. Esta exposição de Gil Delindro é a primeira de grande exposição do artista em Coimbra e apresenta uma série de trabalhos que misturam elementos orgânicos com captações sonoras de paisagens adversas, promovendo uma reflexão sobre a relação entre humanos e natureza.
O MS02 (Mobiliário Sonoro 02) estará também disponível ao público, oferecendo uma interação lúdica e educativa com os sons do Arquivo Sonoro do Centro Histórico de Coimbra. Esta instalação interativa, em forma de armário com gavetas que revelam sons ao serem abertas, permite que os visitantes explorem artisticamente o rico património sonoro da cidade.
No "Dar a Ouvir” e também, até ao dia 1 d Setembro, é possível visitar o projeto "Mil Pássaros", realizado pela Companhia de Música Teatral em colaboração com educadoras e crianças de 48 salas de jardins de infância de Coimbra. Este projeto resultou numa instalação visual e sonora composta por mil pássaros de origami, simbolizando paz e felicidade, criados por crianças e adultos numa expressão coletiva de desejo por um mundo melhor.
O festival, coorganizado pelo Serviço Educativo do Jazz ao Centro e pelo Convento São Francisco / Câmara Municipal de Coimbra, proporcionou uma ampla gama de atividades que celebram a arte sonora e a escuta atenta, envolvendo a comunidade e enriquecendo a cena cultural da cidade.
Gil Delindro regressa a Coimbra para a performance sonora VOIDNESS OF TOUCH, que acontece no dia 31 de Agosto, às 18h00, em parceria com o Festival Cem Portas, no Convento São Francisco. Nesta performance contará com a presença da música Teresa Castro e será a oportunidade para conhecer o trabalho de Delindro como performer ligado à música de vanguarda. Membro ativo do movimento ""echtzeitmusik"" de Berlim, onde viveu entre 2012 e 2020, tendo apresentado trabalho em salas de referência como o Ausland, Blind Signal e Berghain am kantine. Ao vivo apresenta uma fórmula única na qual processa elementos orgânicos de matérias brutas como água e madeira, que ao serem amplificados através de eletrónica analógica dão origem a paisagens sonoras viscerais. Entre sons granulares, dub e drones pesados, a paleta de influências é vasta e vai desde o ambiente de Eliane Radigue e Pauline Oliveros, até um som mais físico como Sun •)) e Mika Vainio. A revista Quietus (UK) considerou a performance no festival Novas Frequências no Brazil, como uma das melhores em todo o programa e em 2016, foi destacado pela plataforma SHAPE como um dos artistas sonoros mais inovadores a trabalhar na Europa, sendo comissionado por festivais de referência como MusikProtokoll (AU), Novas Frequências (BR), CynetArt (DE), Athens Digital Arts Fest (GR), ARS Electronica (AU), Submerge Festival (UK), Semibreve (PT) e Lisboa Soa (PT). Colaborou com nomes como Gustavo Costa, Jonathan Saldanha, Rafael Toral, David Toop, Yaw Tembe, Raz Mesinai e Rie Nakajima. Tem trabalho publicado em disco pela Tzadik (Nova lorque), Sonoscopia (Porto) e Ausland (Berlim), entre outros."
O Arquivo Sonoro do Centro Histórico de Coimbra (asCHC) é um projeto que nasceu em 2013, pouco tempo depois do Jazz ao Centro Clube ter encontrado casa no Salão Brazil. Dirigido pelo paisagista sonoro Luís Antero, o asCHC parte do princípio de que as paisagens sonoras são importantes para a compreensão do modo como o som carateriza um espaço, ou lugar. Questões como “Quais os sons que a nossa cidade incorpora? Quanto deles já desaparecerem irremediavelmente? O que podemos aprender acerca da especificidade das comunidades de uma cidade (comunidades espaciais, bairros, comunidades profissionais, etc.) através da dimensão sonora?” têm estado no centro do trabalho do Arquivo. A partir de 2016, o asCHC passou a estar disponível ao público para uma exploração artística, educativa e lúdica.
Nesta residência, os músicos João Hasselberg, Rui Maia e Pedro Melo Alves, exploram o Arquivo Sonoro do Centro Histórico de Coimbra para construir um espetáculo tendo por base os sons da cidade.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
Até dia 1 de Setembro
Convento São Francisco
Exposição
"A Natureza não reza"
Gil Delindro
Quarta a segunda | 15h00 às 20h00 (última entrada às 19h30)
Até dia 1 de Setembro
Convento São Francisco
Exposição
Mil Pássaros
Companhia de Música Teatral
Quarta a segunda | 15h00 às 20h00 (última entrada às 19h30)
Até dia 1 de Setembro
Convento São Francisco
Exposição
MS02 (Mobiliário Sonoro 02)
Cristiana Bastos, Pedro Martins e Tiago Martins
Quarta a segunda | 15h00 às 20h00 (última entrada às 19h30)
Dia 31 de agosto, sábado, às 18h00
Sala D. Afonso Henriques (Antiga Igreja)
Performance sonora VOIDNESS OF TOUCH de Gil Delindro
Programa partilhado com o Festival CEM PORTAS
ROGRAMAÇÃO CONVERGENTE
Dia 31 de agosto, sábado, às 19h00
Convento São Francisco
Concerto
Arquivo Sonoro II (João Hasselberg, Rui Maia e Pedro Melo Alves)
em parceria com Festival Verão a 2 Tempos * Epicentro
Sobre o Dar a Ouvir
Dar a Ouvir é um projeto desenvolvido pelo Serviço Educativo do Jazz ao Centro, em coorganização com o Convento São Francisco / Município de Coimbra.
O projeto nasceu a partir de um convite do JACC ao paisagista sonoro Luís Antero, a fim de constituir o Arquivo Sonoro do Centro Histórico de Coimbra (ASCHC), decorria o ano de 2013, pouco tempo depois do Jazz ao Centro Clube ter encontrado casa no Salão Brazil.
O ASCHC parte do princípio de que as paisagens sonoras são importantes para a compreensão do modo como o som caracteriza um espaço ou lugar. Questões como "Quais os sons que a nossa cidade incorpora? Quanto deles já desaparecerem irremediavelmente? O que podemos aprender acerca da especificidade das comunidades de uma cidade (comunidades espaciais, bairros, comunidades profissionais, etc.) através da dimensão sonora?” têm estado no centro do trabalho do Arquivo Sonoro.
Em 2016, com o dispositivo interativo MS01 (Mobiliário Sonoro), o ASCHC passou a estar disponível ao público para uma exploração artística, educativa e lúdica. Fruto de uma parceria entre o Jazz ao Centro Clube e o Computational Design and Visualization Lab. do Cognitive and Media Systems Group, do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra, o MS01 esteve na base do aparecimento, em 2017, do Dar a Ouvir.
No contexto do Dar a Ouvir, o ASCHC tem sido fundamental para dar a conhecer a cidade de Coimbra a partir da cultura auditória, procurando sensibilizar para a escuta e para o som como possibilidade de descoberta e conhecimento, enquanto objeto social e criativo, num processo em que os sentidos se complementam.
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