Em A Pedra Sonha Dar Flor, filme de Rodrigo Areias inspirado na obra de Raul Brandão, persiste uma ideia expressionista, elaborada num local imaginado, onde o negro e a sombra coexistem com o onírico. Com isto presente, Dada Garbeck (Rui Souza) compôs música que não só existe nesse lugar como o complementa, enquanto uma das sombras presentes nas diversas narrativas do filme. A fonte é essa rudeza e a tradicionalidade do material filmado, sobre a qual o músico criou peças que evocam folclore e música típica portuguesa, com elementos de jazz, krautrock, electrónica e ambient.
Por ser uma dessas sombras, numa obra que as usa como evocação da pobreza instalada, de espaços que já não sabem o seu lugar e de pessoas que parecem habitar neles com o único propósito de viver para morrer, as associações e construções sonoras de Souza ecoam a música industrial e a capacidade única de evocar muito sem uma noção clara de movimento. É ambiente sem ambient, que mantém as sensações dentro e fora de A Pedra Sonha Dar Flor em simultâneo. Algo para um local imaginado, seja ele visual ou sonoro, assombrado pela ideia de que o negrume também pode - deve! - ser um espaço encantatório.
Edição em vinil 12" já disponível no bandcamp da Revolve.
Por ser uma dessas sombras, numa obra que as usa como evocação da pobreza instalada, de espaços que já não sabem o seu lugar e de pessoas que parecem habitar neles com o único propósito de viver para morrer, as associações e construções sonoras de Souza ecoam a música industrial e a capacidade única de evocar muito sem uma noção clara de movimento. É ambiente sem ambient, que mantém as sensações dentro e fora de A Pedra Sonha Dar Flor em simultâneo. Algo para um local imaginado, seja ele visual ou sonoro, assombrado pela ideia de que o negrume também pode - deve! - ser um espaço encantatório.
Edição em vinil 12" já disponível no bandcamp da Revolve.
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