A primeira introdução a “Scars and Ashes”, álbum de estreia dos Decline and Fall, aconteceu com "Lost Astray", mas “As All Ends” é, no sentido clássico do termo, o primeiro single do disco. Partindo da sonoridade electrónica que está na génese da banda, a canção tem um sentido orgânico muito particular, e perpassa um sentimento de claustrofobia e impotência perante a inevitabilidade do fim. Num mundo cada vez mais incerto e polarizado, parece que a única certeza que temos é a da finitude de tudo, de alguma forma.
37 anos depois, José de Pina reencontra-se com Armando Teixeira para quem tinha filmado, na altura, num vídeo premiado dos Ik Mux, uma das bandas de que o músico fez parte. “As All Ends” marca este reencontro e poderá não ficar por aqui. Nas palavras do realizador, “As músicas sofisticadas dos Decline and Fall têm ambientes sonoros que pedem e merecem ter um filme
“Scars and Ashes” é editado dia 4 de Abril em formato digital e em vinil, podendo as pre-orders ser realizadas no Bandcamp oficial dos Decline and Fall em https://declineandfallmusic.bandcamp.com. “Scars and Ashes” parte das explorações iniciadas nos EP anteriores, “Gloom” e “Pulse”, mas acrescenta-lhes um vocabulário musical cada vez mais vasto e sofisticado.
Os Decline and Fall são hoje o principal foco criativo de Armando Teixeira, músico que teve em Balla a sua encarnação mais duradoura, mas que foi também um pioneiro do EBM em Portugal ainda nos anos 80, com os Ik Mux, depois do rock industrial, com os Bizarra Locomotiva, e fez parte dos Da Weasel por já dominar, na altura, a arte e técnica do sampling. Frequentemente requisitado para a realização de bandas-sonoras, já venceu três Prémios Sophia nessa qualidade, e podemos ouvir criações sonoras suas em diversas séries e filmes portugueses em exibição.
Os Decline and Fall, que seguem uma linha próxima do post-punk e da darkwave, ainda que não se deixando enclausurar por qualquer amarra estilística, completam-se com Hugo Santos, que ao longo de duas décadas tem explorado o peso e a intensidade rítmica, punitivamente repetitiva e catártica como forma privilegiada de expressão nos Process of Guilt, encontrando nos Decline and Fall um veículo criativo para outras sensibilidades musicais, e ainda Ricardo S. Amorim, autor dos livros “Culto Eléctrico” e “Lobos Que Foram Homens – A História dos Moonspell”, que verte em palavras as emoções que estes temas procuram transmitir.
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