Depois do envolvente single de estreia “Sulfuraste” - “youtube.Sulfuraste” Lituo regressa com “Estrondoso Fim“, um seguimento linear e musical daquela que foi a primeira canção que nos deu a conhecer.
O ‘Estrondoso Fim’ é, para o artista, o fim de um martírio. De um estado indesejado, quase que impingido forçosamente e o qual, finalmente, acaba.
“A manipulação que aparentemente pressupõe a aniquilação do outro, de mim, sem se perceber nada do que está a acontecer. Um estado de hipnose involuntário que te tira o brilho, a paz e afasta-te de ti. Estive numa prisão mexicana de alta insegurança. Perdi-me de mim. Mais uma vez entra a música que sustenta a sobrevivência e nos faz vislumbrar a luz que afinal ainda não desistiu de nós, só parecia que sim. Já não te quero mal, só já não te quero.” afirma o artista sobre este fim, que é também a sua nova canção - a conclusão do sofrimento.
Ao ouvirmos este tema, somos quase levados para um universo paralelo, onde ressoam ecos de uma canção de intervenção. O início sugere, com igual força, uma tempestade repentina ou o estático confuso de uma televisão sem sinal. A voz de Lituo embala a dor com uma doçura crua, e, em conjunto com os coros, harmonias, violino e piano, transporta-nos até esse Estrondoso Fim — belo, sim, mas implacável, a corroer-nos dia após dia. Cada nota soa como uma carta de despedida, selando o fim de uma história inevitável.
“Quando um “outro não existe”, não é verdadeiro, é mentira de si mesmo, entrega na relação aquilo que é. Mentira. Enxofre. Quando um é a intenção da Oração e no outro habita o imundo, o sujo, o falso, alimenta-se e bebem-se, num espaço que deveria ser sagrado, águas sulfuradas, lamacentas e “chocas”. Quando um “não sabe que é filho de deus desenhado à medida” da oração que se quer construir, “enganos e enganados” caminham numa rede armadilha sem chão. Dói de um horror tamanho e um mergulho profundo aos infernos da nossa essência é um chamado. Estes espaços narrados na mentira precisam da coragem de almas que sabem mergulhar o caminho do luto e ser desmascarados e transformados à Luz do Amor. Da dor gerada ressurgir o Dom, a Arte, a Música que estava escondida dentro de nós, a gritar por nós. Nenhum encontro é frívolo. Do amargo e cáustico brotam, porque fazemos essa escolha, pétalas de rosas, com espinhos. Do lodo e do lamacento o “deus” que nos habita floresce, quando o conseguimos ouvir e dar-lhe espaço para Criar através de nós e do nosso sofrimento. Do abismo nasce o fecundo. Renascemos e ajudamos outros a renascer. Do estrondoso fim somos o princípio.”
Ana Catarina S. Infante
Edição | TDF - CD e VINILs em PRÉ - Venda

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