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segunda-feira, 26 de janeiro de 2004
SLOPPY JOE - Flic Flac Circus (Bairrista/Idependent Records)
“Ufa, até que enfim o disco saíu!” - exclamam os membros dos Sloppy Joe entre si, enquanto o manager e editor do grupo transpira de alívio com a certeza do dever cumprido. Na banca de jornais o jovem mais atento sorri pois ao comprar o Blitz pode levar finalmente para casa uma rodela desta banda do Porto.
Apesar de andarem nisto por gozo e grande amor à musica, estamos em querer que se este processo, basta ver que o single de apresentação do disco (“Six Little Monsters”) já roda nas rádios há mais de meio ano, se arrastasse por mais tempo a banda poderia ter desmorecido e perdido todo o folgo necessário em alturas tão importantes como esta. Felizmente que a exposição da banda, para bem deles e de todos nós, não tem sido em exagero. Parece cruel dizer isto. Mas o que é verdade é que se estes temas tivessem sido tocados demasiadas vezes ao vivo, o disco perderia todo o efeito mágico.
Como tal felizmente não aconteceu é com enorme prazer que se escuta “Flic Flac Circus”. Faziam falta por estes lados, discos feitos com uma honestidade tão contagiante.
“Flic Flac Circus” é um CD maioritariamente pintado a três cores, resultado de uma entrega, quase total, por parte da banda a ritmos dub e reggae que nos chegam de terras da Jamaica. Contudo, a musica de dois tons, como chama Miguel Esteves Cardoso ao ska, no recentemente reeditado “Escrítica Pop”, polvilha tambem o disco, abrindo-lhe novos caminhos e dando-lhe novos sabores.
Estamos então perante, apesar destas diferenças obvias, um disco de corpo inteiro, onde a entrga de todos aqueles que ajudaram na sua feitura foi total. Apesar disso apetece-me destacar a faixa “O Calor”, que conta com a participação do brasileiro Pedro Luís e a Parede. Um tema que se cola à pele, fazendo a lingua soltar as silabas da canção.
Este é um disco de culturas, por isso do mundo. Um CD que fazia falta para nos preencher o vazio em noites frias. Um conjunto de canções que tranportam em si a palavra competência. Está lá tudo! Para quê pedir mais!…
Quando chegarem ao final do disco não parem no sinal “Rouge”, sigam na estrada e escutem a faixa escondida. Uns metros à frente vão ver que não resistem a continuar a viagem. Qundo derem por ela é de novo “Stand” que paira no ar.
Agora, os Sloppy Joe têm todas as armas para triunfar. Tiveream a sorte de lançar o seu primeiro CD numa altura em que não são muitas as bandas em Portugal a pisar estes terrenos. E sobretudo souberam digerir tudo o que aprenderam, chegando com este disco a um estado que muitas bandas desejariam atingir ao segundo ou terceiro albúm. Esperamos é que a imaginação não se tenha esgotado e que seja possivel criar obra futura de tão grande envergadura. O que desejamos acima de tudo, é que não sejam necessários mais não sei quantos anos para podermos voltar a entrar de novo no circo.
Ainda o ano vai no seu primeiro mês e já temos disco para colocar no top dos melhores, sem ter de fazer malabarismos matemáticos.
Nuno Ávila
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