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quinta-feira, 1 de abril de 2004
BUNNYRANCH – Trying To Lose (Lux Records/Sons Indiscretos)
O rock afinal está vivo. Basta ouvir as primeiras notas da faixa que abre “Trying To Lose” dos Bunnyranch, para logo verificarmos que nunca uma frase foi tão verdadeira. Sim, em Coimbra o rock não morreu. À beira do Mondego não são só as guitarras de fado que se fazem escutar. Existem por aqui muitas bandas que destilam energia por todos os poros. Os Bunnyranch são disso puro exemplo. Constroem temas carregados de uma simplicidade contagiante que nos “obrigam” a ouvir o disco que agora lançam até ao fim.
Mas atenção que o rock que a banda toca, distancia-se do de muitos outros grupos. Por entre guitarras que transpiram decibeis, aparece um teclado a dar um cheiro bastante original à musica que praticam. Mas não é só isto que torna os Bunnyranch diferentes. À frente do projecto encontra-se Carlos Mendes (anteriormente conhecido por Kaló) que para além de tocar bateria assume o comando vocal do projecto. E são de facto estes ingredientes que tornam este projecto bastante apetecível. Contudo, por vezes sentimos vontade de os comparar a outros grupos, mas logo abandonamos a ideia pois estes sons, maioria das vezes aterram em ilhas desertas, o que dá espaço suficiente à banda para respirar.
Ouvindo “Trying To Lose”, apercebemo-nos que este disco está a quilómetros de distância do EP “To Flop To Boogie”. Para tal, contribui a produção certeira de Joe Fossard, que dá espaço para que cada músico possa brilhar. Para tal contribui igualmente a grande exposição que a banda teve em palco. Agora sim, toda a pujança que o grupo tem ao vivo encontra-se neste disco.
O cd contem uma dúzia de temas, que faz todo o sentido se os ouvimos sem fazer stop. Este é um disco bastante homogéneo e coerente. Não existem por aqui temas menores. Cada convidado que passa por este cd, é uma mais valia que, com a sua mestria traz pormenores que enriquecem a música dos Bunnyranch. Por aqui podemos escutar Paulo Furtado com a sua guitarra solo em “Intelligent Freak”, Ruby Ann com a sua voz em “(I’m Not Going) Down Shout” e “Liar Alone”, Hugo com o seu violino e Liliana com o seu violoncelo em “Bunnyranch Love” e igalmente em “(I’m Not Going) Down Shout”.
No fim de ouvirmos “Trying To Lose” a nossa imagem quase parece a do vocalista do projecto na capa do cd. É como se tivessemos levado um murro no estômago. Esta música deixa-nos de rastos. Acerta em nós com tal força que ficamos zonzos. Mas o que é verdade é que nós gostamos e sentimo-nos atraídos a carregar de novo na tecla play. Ás vezes sabe bem levar umas palmadas para acordar...
Nuno Ávila
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