segunda-feira, 16 de agosto de 2004

MY TIE - The Prize (Edição de Autor)



Em Tomar existe uma banda de nome My Tie apostada em provar por a + b que a pop ainda está viva. Numa época em que o revivalismo pelos sons electrónicos, que dominaram muitas bandas nos anos 80, parece atacar a música portuguesa, os My Tie em “The Prize” provam que ainda se podem escrever canções onde os teclados estão presentes, sem serem, no entanto, o instrumento que aprisiona o som. Os My Tie, são portanto, uma banda de guitarras.
Estamos certos que os My Tie, são um grupo que gostaria de viver na terra onde toda a gente é mais pontual que os próprios relógios, e onde o nevoeiro se avista de verão e de inverno. É em Inglaterra que estão todas as referências musicais da banda. Não estaremos a mentir ao afirmar que os elementos dos My Tie são pessoas que em casa têm discos dos Radiohead, Suede e Pulp, entre outros.
Com estas bandas os My Tie aprenderam a escrever canções. E hoje em dia cada vez é mais difícil ter a noção certa para escrever uma boa melodia. Cada vez mais a tentação em usar e abusar das novas tecnologias se apodera das bandas.
Os My Tie não morderam a maçã. Não seguiram esse caminho fácil. Em “The Prize” criaram um conjunto de canções que vai durar, pois evitou colar-se a modas passageiras. Só é pena, não terem arriscado mais um pouco e criado um ou dois temas daqueles que sem darmos por ela cantarolamos enquanto tomamos banho. Falamos obviamente de canções com alma, e não de temas fáceis que, mais cedo ou mais tarde, acabam a vestir marcas de telemóveis, ou forrar paredes de bancos.
Os My Tie deixa-nos com “The Prize”, em testamento, um disco que vamos querer guardar no nosso cofre, para escutar em momentos que a tristeza nos invade a alma. Este é um disco de cores alegres, onde o azul bebé domina a tela. São 9 pinceladas, capazes de nos fazer renascer a alegria de viver.
O que este disco tem de melhor é que a sua audição não cansa. Ouve-se, guarda-se e mais tarde volta a pôr-se a tocar com a mesma vontade de sempre.
Hoje em dia já é difícil criar discos assim onde a coerência e a frontalidade são palavras sempre presentes. Já é difícil criar músicas assim. Os My Tie valem-se do seu passado “Martir” enquanto músicos, para crescer. Finalmente, chegaram ao ponto certo para lançar o seu primeiro disco.
Enquanto houver notas de guitarra soltas à espera de colorir canções pop sabemos que em Tomar existe um grupo de rapazes prontos a dar vida a alguns minutos de música.
Não sou uma pessoa habituada a vestir fatos, mas uma coisa acabei de prometer agora a mim mesmo, quando for obrigado a ter de o fazer juro que a gravata que meter à volta do pescoço irá ter cores pop.

Nuno Ávila

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