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segunda-feira, 23 de agosto de 2004
PLAZA - Meeting Point (Som Livre)
Se os Plaza tivessem nascido nos anos 80 seriam um grupo com um sucesso ainda maior do que aquele que já alcançaram. Os Plaza são praticantes de um som electrónico, que conheceu o expoente máximo, numa década onde os sintetizadores ganharam estatuto de estrelas.
Mas não nos podemos esquecer que foi na Alemanha, mais ou menos a meio dos anos 70, que um grupo de nome Kraftwerk deu à luz um novo conceito de música. Foi com eles que a música electrónica teve início de vida.
Foram eles que nos 80 influenciaram bandas como, Human League, Visage, Heaven 17, Talk Talk, Ultravox ou Dead Or Alive, entre muitos outros.
São de facto estas bandas que marcam o som criado pelos Plaza, que como eles recuam aos anos 70 para beber inspiração. Se escutarmos os tema “Drum Machine” e “Electrical Mind”, especialmente este último onde aparecem vozes de robot, percebemos o papel importantíssimo que desempenham os Krafwerk no mundo da música.
Simão Praça, Paulo Praça, e Quico, os três que formam os Plaza, são artistas que já deram muito à música portuguesa. São pessoas experientes, que não se deixam levar por caminhos mais óbvios. Bastaria um sintetizador, uma guitarra disfarçada, e uma voz para criar um conjunto de temas fáceis e que ficam na ponta da língua, fazendo girar a anca. Apesar de no disco haverem temas assim, muitas vezes, ao sintetizador e à voz os Plaza juntam uma guitarra a entrar por caminhos mais rock. A banda arranja assim, uma forma hábil de se desmarcar de muitas das bandas que acima lhe apontamos como influência.
Se escutarmos as faixas “Easy Date” ou “ On a Magazine”, onde as guitarras tapam quase sempre os teclados, percebemos que existe um outro movimento dos anos 80 que igualmente marca o som da banda. Falamos da onda neo-romântica, que de forma tão promiscua se baralhava com o electro-pop. Falamos de nomes como Duran Duran ou Classic Nouveaux.
No entanto a imagem de marca dos Plaza, deixada pelos singles “(Out) On a Radio” e “In Fiction” é a de que eles não passam de mais um grupo revivalista que se limita a copiar o que de melhor se fez nos anos 80.
Isto não deixa de ser verdade. Contudo, devemos louvar os Plaza pelo facto de não irem apenas beber a uma fonte. Ao passarem em revista o que de melhor se fez nos anos 80, mostram terem uma visão muito mais ampla da música, que maioria das bandas actuais.
Podem dizer que isto já não é novo. É verdade. Mas também é verdade que do tema 1 ao 10 o álbum vive de uma coerência assustadora. Os Plaza não se desviam, nem por um minuto, dos seus princípios.
O resultado de tão grande teimosia, leva-os a criar um disco com altos e baixos. Tem de facto temas excelentes, mas outros que ficando uns furos a baixo, nos levam a crer que foram criados apenas para fazer número.
Apesar de tudo este é um disco que não se vai esquecer facilmente pois tem temas que se agarram a nós, e nos fazem cantar a sua melodia nos lugares menos convencionais. E isto basta para vender um disco!
Porque será que estão todos a olhar para mim? Será que estou a desafinar? Será?!!
Nuno Ávila
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