Os Secrecy são a par dos Aenima e dos Phantom Vision, uma banda que nos faz crer que o movimento gótico português está vivo. Se os Aenima nos apresentam um som com umas leves pitadas de metal, se os Phantom Vision cruzam caminhos mais electrónicos, os Secrecy são uma banda que desde o início sempre teve como ponto de referência o gothic-rock.
Em “Beneath The Lies”, os Secrecy não escondem a sua admiração por bandas que nos anos 80 deram muito ao movimento. Os Sisters Of Mercy e os Mission são dois grupos que inspiram fortemente este cd. Mas os sons nascidos nos inícios dos anos 90, altura em que a cena gótica estava em grande em países como a Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra e Itália, só para citar os mais importantes, deixam também aqui uma brisa que se respira ao longo de todo o disco. Poderíamos citar aqui um bom leque de bandas para comprovar o que escrevemos. Não vale a pena…
Os Secrecy, neste seu primeiro cd, não tiveram, podemos afirmar com toda a certeza, a pretensão de trazer a lume nada de totalmente inovador. Quiseram isso sim, apresentar um cd digno de poder figurar em qualquer colecção de discos de um verdadeiro amante de sons mais negros. Assim sendo, estamos perante um cd, digno, frontal e totalmente honesto. Um disco com alma, feito com o coração.
“Beneath The Lies” apresenta um conjunto de temas que perfilham na perfeição tudo o que uma boa canção gótica deve ter. Só é pena que o produtor Luís Barros, não tenha percebido que para o cd poder brilhar mais, o som necessitava de alguma sujidade. Aqui as arestas foram limadas de mais e o som, apesar de tudo, sente-se tímido para desabrochar e saltar mais bruto para dentro dos nossos ouvidos.
Contudo, “Beneath The Lies”, tem uma série de temas que ficam encaixados na nossa mente e se cantam. São canções sofridas como o amor. Falam de ti, falam de mim. Retractam enormes descampados. Por vezes ao longe, tu sentada numa cadeira. Outras vezes o vazio.
Com este cd os Secrecy dão o passo mais importante de uma carreira que têm sabido gerir com calma e engenho. Só assim se fazem as grandes bandas. E apesar de “Beneath The Lies” não ser uma verdadeira obra de arte, é um disco que nos toca. É a certeza de que os Secrecy têm muito para dar. E nós cá estamos para os receber de braços abertos.
Nuno Ávila
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