Integrado no programa da VIIª Semana Cultural da Universidade de Coimbra, dedicada ao tema: "Abraço Lusófono", a Rádio Universidade de Coimbra tem oprazer de apresentar, pela primeira vez em Coimbra, PRINCE WADADA & THE KIMBANGUI BAND, no TAGV, com entrada a 1€, sexta-feira, dia 4 de Março.
WADADA
A vibração é profunda, mas não tão profunda como a alma que se desprende da voz rouca de Prince Wadada que tem agarrada ao seu timbre a cor própria de Angola e o doce balanço de uma terra imensa que se espraia em cada canto de "Natty Kongo".
Wadada é uma voz conhecida de todos os que seguem com um mínimo de atenção as sinuosas viagens do som reggae/dub em Portugal. Como toaster de serviço ao Dubadelic Soundsystem, Prince Wadada tem percorrido todo o país, colocando certeiras palavras naqueles pontos em que o groove pede uma intervenção mais afirmativa. Com o microfone bem dominado, Wadada integra-se numa longa tradição de "deejays" que, desde a Jamaica clássica até à Zion global dos dias de hoje, tem feito muito para impôr uma vibração positiva neste planeta. Mas mais do que explorar exaustivamente uma determinada tradição ou atitude mais específica, Wadada tem preferido abraçar a música com um entusiasmo puro que lhe permite coleccionar no seu currículo colaborações com gente tão distinta como os Kussondulola (com quem gravou em 1999), o "supergrupo" Linha da Frente ou, mais recentemente, os Mentes Conscientes, projecto paralelo dos veteranos hip hoppers Micro.
Para lá dessas colaborações gravadas, Prince Wadada foi pisando o palco ao lado de projectos como Gentleman and far east band, coolHipnoise, e General D. E a ligar todos esses momentos o que se encontra é a procura de uma voz e um lugar próprio. Primeiro com a edição de "Kem é Kem", o seu registo de estreia, em 1998. E agora, seis bem preenchidos anos depois, com a chegada de "Natty Kongo".
As influências originais recebidas de gente como Yellow Man ou Buju Banton continuam presentes, mas o mais interessante da estreia de Prince Wadada é o facto de ao adoptar a linguagem do Roots Reggae como ponto de partida ele conseguir, ainda assim, criar um som que cruza múltiplas referências – culturais, geográficas, musicais e até espirituais. Claro que o balanço principal de "Natty Kongo" é puro Roots, mas há ecos de drum n’ bass, acid jazz, dancehall, hip hop e até de clássicas baladas rock and roll (escute-se, por exemplo, "Anabela Toi et Moi"). Para tanto contribui o facto do disco ter sido gravado num descontraído ambiente "live", em Faro, no estúdio Air-Born pelo técnico Edwin Spellbrink. A mistura final e a masterização ficaram a cargo do veterano Joe Fossard que será igualmente o responsável pelas versões dub que serão editadas mais tarde. A excepção surge no tema "Poder da Kriação", com um beat e uma rima de D-Mars, que assim retribui a participação de Wadada em "A Cidade Respira" dos Mentes Conscientes. Trata-se de um tema de demanda espiritual sobre ritmos sintéticos cozinhados num sampler. Homem capaz de aguentar o impacto de Soundystems, Wadada, claro, não estranha a mudança de cadência de um disco construído essencialmente com o resultado da interacção de uma série de músicos.
A ponta de lança desta colecção de canções é, claro, "Táxi Para Luanda", o single que tem coleccionado uma invejável carreira nas listas de airplay das mais significativas rádios nacionais. Hino à saudade dedicado a todos quantos, como Wadada, largaram Luanda à procura de um sonho. Mas Wadada está de olhos bem abertos e "Natty Kongo" é uma conquista bem real. Acreditem…
Discografia
Prince Wadada - Kem é Kem – editado em 1998, MCS
Prince Wadada - Natty Kongo – editado em 2004, Loop Records
Prince Wadada - Natty Kongo – editado em 2004, Loop Records
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