segunda-feira, 30 de outubro de 2006

More Than A Thousand - “The Hollow: Vol. 2” (Ragingplanet)


Rock puro e duro que atira violentamente o nosso copo conta uma parede. Sons pesados que nos deixam atordoados. Músicas sem corantes nem conservantes. Tudo em estado puro, pronto a servir.
Metade das influências vêm do hardcore e do punk. Algumas do metal. Muitas do rock. E ainda em temas mais calmos, inspiração que chega das terras mais frias da Islândia. A banda não esconde e diz-se inspirada por nomes como: Deftones, Sigur Ros, The Smashing Pumpkins, Bjork, Extreme and Nuno Bettencourt, NIN, Faith No More e Suicidal Tendencies.
Os More Than A Thousand conseguem em cada canção dosear todos os seus gostos e criar um som pessoal que tem por meta a busca da melodia. Isto apesar dos acordes mais brutos e da presença aqui e ali de uma voz mais gritada do que cantada que cospe raiva.
Não é de estranhar que este primeiro longa duração nos apresente uns More Than a Thousand mudados em relação ao que conhecíamos. É que depois da edição do EP “Traillers Are Always More Exciting Than Movies” a banda rumou a Londres deixando alguns elementos em terra. Agora as vozes estão apenas entregues a Vasco Ramos e a bateria está a cargo de Jorge Felizardo que deixou para trás os Primitive Reason.
“The Hollow: Vol. 2” foi gravado entre a Suécia (Pelle Hencrison e Eskil Lovstrom) e Portugal (Miguel Marques). Estúdios diferentes, mãos e métodos de trabalho dispares. Contudo e apesar das óbvias diferenças na maneira de trabalhar, o disco apresenta um som coeso e uma produção recta, que atira o som para o lugar certo.
Com a ida para Londres a banda inicia uma nova etapa na sua vida. Teve a possibilidade de tocar com bandas como Papa Roach, Helmet e Morbid Angel. Amadureceu e isso nota-se no seu som que está hoje mais adulto. Agora os More Than A Thousand sabem perfeitamente aquilo que querem fazer. Qual o rumo a traçar para o presente e o que lhes reserva o futuro.
Os More Than A Thousand trazem até nós um disco poderoso. Directo, como deve ser o bom rock. Sem truques de magia. Um disco que começa forte mas que se acalma para o fim, com três temas a darem tempo de recuperar energias para voltarmos de novo ao inicio.
Estamos perante um cd repleto de certezas. Disco feito com alma, por uma banda que se entrega de corpo inteiro à causa.
Sabe bem deglutir música assim. As bebidas fortes são por natureza as melhores. Arranham na garganta, mas deixam um travo na língua que fica por minutos.
A Ragingplanet, editora que nos faz chegar este disco, diz acreditar no rock. Depois de ouvir “The Hollow: Vol. 2” também eu acredito muito mais no rock. E sinto-me muito mais vivo.

Nuno Ávila

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