domingo, 1 de março de 2009

EMANUEL CASIMIRO PARA SACAR




A história é sempre cíclica, e a da música acaba por não ser excepção (discutível, mas tem o seu quê de verdade). As décadas de 80 e 90 trouxeram-nos como grande novidade na música popular portuguesa, a música dita "pimba", que segundo Emanuel dizia era algo à base de funções tonais I-V-I (com respectivos acordes de substituição e inversões de acordes), acompanhadas pelo já clássico open hit-hat na bateria, e uma linha de baixo a condizer.

Rapidamente este fenómeno alastrou-se ao domínio do punk com uma série de bandas a satirizarem a questão e com uma certa homogeneidade estética. Muitos destes grupos ficaram-nos na memória. Ena pá 2000, mini-dunfes, Irmão Catita, Peste e Sida, e toda uma outra série de bandas.
Independentemente do gosto pessoal, muitas destas bandas marcaram mais tarde projectos que começaram a ressurgir, já com tendências sincréticas inovadoras em relação àquilo que se via para trás. Grupos como Comme Restus, ou mesmo Kalashnikov, seguidos de projectos emergentes como Feia Medronho ou mesmo os mais recentes Smix Smox Smoux (banda esta que partilha um membro com a formação de peixe:avião), começam a ressurgir, provando assim que é sempre possível recrear o passado, e avançar no caminho do progresso (tudo ou pelo menos algumas coisas são relativas).

Um dos objectivos da XS-Records, enquanto netlabel foi sempre promover música o mais diversificada possível, e que fosse de encontro à perspectiva musical do seu fundador. Ora bem Emanuel Casimiro, conhecido como Rei do Power Pimba, género este que engloba correntes musicais ao mesmo tempo tão diversificadas mas com tanto em comum como o Power Metal, o Punk e o Pimba, acaba de atacar na XS Records (pt netlabel) - depois de um projecto brazileiro que une o grindcore com o punk e a lowfi tronica -, e com um único objectivo. Marcar a diferença - e nesse sentido acho que consegue aquilo que é pretendido. E como os gostos musicais são, numa certa perspectiva relativista subjectivos, e não há, no fundo visões mais válidas do que outras, apenas visões diferentes, Emanuel Casimiro está de parabéns. Porque não só conseguiu num espaço de um ano criar dois álbuns, de única singularidade, como também conseguiu ter um myspace com mais de 50000 visitas, 10000 amigos adicionados, e uma grande quantidade de comentários. Esta mesma singularidade é visível por detrás de sucessos como "A Revolta das Plaquetas" (num certo retorno a uma infância não muito obstante - afinal todos nós temos uma criança dentro de nós apesar de isso ser mais notório em alguns), A Natasha Não Limpa Nada (que ainda num tom satírico algo xenófobo, de carácter cómico, consegue sempre despertar algumas gargalhadas), "Nunca Provei Caviar" (a Natasha já com certeza, e isso por si só já faz dela alguém único, pelo menos em relação a quem acha que ela não limpa nada), "A vaca que ri" (numa alusão aos amigos portugueses dos ratos de porão), ou mesmo ZX Spectrum (que já fez as delícias de muitos, afinal basta ter em conta que existe uma capa na Test Tube com um Spectrum), e toda uma série de grandes sucessos que não vão deixar concerteza ninguém indiferente (seja por bem, seja por mal).

De notar que Emanuel Casimiro precisa urgentemente de músicos para o acompanhar na sua grande aventura pelo mundo dos Arraiais, Baptizados, Casamentos, Festivais de Verão, Queimas das Fitas, Bares, Discotecas e toda uma série de espaços que já têm vindo a oferecer propostas de concertos - o Mundo Precisa de Emanuel Casimiro.

http://www.archive.org/details/xs54EmanuelCasimiro-ADerrotaDasPlaquetas (e mesmo a revolta.. o link é que teve lapso, mas vai ser corrigido assim que possivel)

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