sábado, 23 de janeiro de 2010

ENCICLOPÉDIA DA MÚSICA EM PORTUGAL NO SÉCULO XX





A "Enciclopédia da Música em Portugal no século XX" foi apresentada quinta-feira passada no Teatro S. Carlos em Lisboa, constituindo o corolário de "um afincado trabalho" de 13 anos sob a direcção da etnomusicóloga Salwa Castelo-Branco.

Segundo a investigadora da Universidade Nova de Lisboa, esta é uma obra fulcral e que fazia falta à bibliografia, mas "é antes de mais um ponto de partida para fazer mais e melhor".

Anteriormente a esta obra citam-se três títulos, o mais recente de 1998, "mas nenhum não tão abrangente como esta enciclopédia que integra o pop-rock, fado, jazz, música popular e erudita, resultado de um afincado trabalho de 13 anos, tendo levado três anos a decidir quais as entradas mais apropriadas".

A enciclopédia em quatro volumes, num total de 15 000 páginas com 1250 entradas relativas a diferentes géneros musicais, artistas, revistas, compositores, instrumentos, institutos e escolas, entre outros.

O último volume, explicou à Lusa Salwa Castelo-Branco, tem um ensaio relativo aos grupos e artistas da década de 1990.

"Este ensaio refere-se a um conjunto de artistas e grupos de grande proeminência na década de 1990, mas cuja perspectiva da importância da sua carreira só foi possível ver mais tarde, e este ensaio com entradas estruturantes como fado, Política Cultural e Música Popular, é assinado por vários especialistas, e dá conta desses desenvolvimentos", explicou a investigadora.

Colaboraram nesta enciclopédia 155 especialistas, sendo o musicólogo Rui Vieira Nery consultor principal, além dos consultores internacionais Dieter Christensen e Gérad Béhague, que "dão um olhar mais crítico e ajudaram a ter uma perspectiva mais articulada da realidade em que se estava imerso".

"O trabalho de Rui Vieira Nery foi essencial ao ajudar-nos a definir entradas, a validar e corrigir dados, a rever textos, etc..", disse Castelo-Branco.

Por detrás da enciclopédia que será editada em conjunto pelo Círculo de Leitores e a Temas e Debates até ao final do ano, com a saída de um volume por trimestre, está uma "base de dados relacional" projectada e organizada por António Tilly, que inclui 5000 entradas com textos, bibliografia, biografias, iconografia, lista de obras e até discografia.

"Trata-se de uma base de dados relacional na medida em que possibilita ligações com outras bases, e permite não só armazenar dados como actualizar constantemente, e estará a cargo do Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa", explicou Salwa Castelo-Branco.

O primeiro volume - da letra A à C - abre com Joaquim Azinhal Abelho, folclorista nascido na Orada (Borba) e que realizou várias campanhas de compilação de poesia e teatro populares, e termina com "Conservatórios de Música".

Este volume inclui ainda um CD que "reúne alguns dos eixos fundamentais da produção musical da Emissora Nacional", integrando, entre outros, Amália Rodrigues, a cançonetista Maria de Fátima Bravo, a Orquestra Ligeira da Emissora sob a direcção de Tavares Belo, o Sexteto Vocal Masculino da Emissora, o Coro do Liceu Camões, José Afonso e a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional sob a direcção de Frederico de Freitas ou de Silva Pereira.

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