quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O EXPERIMENTAR NA M'INCOMODA LANÇA CD




Septimus
8 de Novembro

O EXPERIMENTAR NA M’INCOMODA um dos projectos nomeados para o Prémio Megafone, não é apenas mais um trabalho entre tantos outros editados com raiz na música tradicional portuguesa. Este é um projecto de reinvenção da música tradicional dos Açores num contexto musical urbano e contemporâneo. Parte de uma abordagem ao disco “O Cantar na m’Incomoda” (1998), onde o músico terceirense Carlos Medeiros reinterpretava, num misto de cantautor e folclore, alguns temas mais obscuros do espólio tradicional do arquipélago, e alarga-se a outras canções ou tradições orais de maior ou menor reconhecimento nas ilhas.

Da responsabilidade do faialense Pedro Lucas (septimus), O EXPERIMENTAR NA M’INCOMODA conta com a participação dos músicos açorianos Miguel Machete (Bandarra), Pedro Gaspar (Bandarra), Zeca Medeiros, Jácome Armas e do próprio Carlos Medeiros.

Gravado e idealizado em vários locais sitos algures entre o Capelo (Faial) e Copenhaga ao longo de mais de um ano, o disco é finalmente misturado e masterizado em Abril deste ano no estúdio Pérola Negra, em Lisboa, por António Bragança (A Naifa). Fazem parte do seu alinhamento temas retirados de “O cantar na m’incomoda”,“Tradições Orais – Corvo, S. Jorge e Terceira” de Paulo Henrique Silva, e os mais canónicos “Bela Aurora” e “Ilhas de Bruma” (não tradicional).

Em O EXPERIMENTAR NA M’INCOMODA o folclore açoriano é misturado, batido e filtrado, antes de ser servido “on the rocks” com dois pingos de amargante de Angustura e uma casca de laranja.

As varias influências ultrapassam diferentes fronteiras geográficas ou de género musical, num espaço onde hip-hop, krautrock, dub, Tom Zé e Animal Collective decidem dialogar entre si e materializar a conversa num “Endtroducing” actualizado e com gosto a gim do Peter's. Há lugar para sintetizadores espaciais, guitarras melancólicas, noise industrial, batidas sincopadas, velhas canções de baleeiros e foliões do Espírito Santo em S. Jorge nesta irreverente abordagem à tradição musical portuguesa.

A capa do disco é da responsabilidade da artista plástica Andrea Inocêncio, que criou uma nova versão da Coroa do Espírito Santo, símbolo máximo daquela que é a maior expressão cultural, religiosa e profana, dos Açores. Estas mesmas celebrações são também retratadas no vídeo do single “Ilhas da Bruma” da autoria de Aurora Ribeiro.

O EXPERIMENTAR NA M’INCOMODA é um disco rico, que se tem de saborear antes de o servir “on the rocks”.


O Experimentar Na M'Incomoda from Pedro Lucas on Vimeo.

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