Trégua” é um disco denso. É difícil penetrar no meio deste nevoeiro. São 5 canções carregadas de uma melancolia que a principio nos intimida. Primeiro, colocamos o pé direito e depois o esquerdo e lá avançamos, com passos lentos. Aos poucos vamos descobrindo algum conforto, e não voltamos à casa de partida. Continuamos a desbravar caminho. Chegamos ao fim e percebemos que se voltarmos a entrar vamos faze-lo com mais confiança. Sim, este novo EP de Cavalheiro requer várias audições até entrarmos no seu espírito.
Aliás, são assim os discos criados por Tiago Ferreira. Dolentes, onde uma voz arrastada, nos oferece quase sempre histórias tristes. Estas músicas abrem feridas no nosso corpo. Mas o que é certo, é que sempre que nos chega um disco novo, nós não hesitamos em o por a tocar. E o certo é que ao logo dos tempos Cavalheiro já nos ofertou um leque de boas canções. “Talvez”, tema que apresenta este novo registo, é disso um dos melhores exemplos.
E é de bom tom louvar a forma como Tiago tem gerido a sua carreira, sem ceder a pressões. Tem sido uma carreira sempre em crescendo, onde se nota uma clara evolução desde que editou o seu primeiro registo, um disco que passou mais ao lado.
Mas para quem gosta de discos com sentimentos à flor da pele tem neste “Trégua” um bom amigo. Um registo que não nos dá tréguas…
Nuno Ávila
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