CONCERTOS DE APRESENTAÇÃO
13 de Dezembro - Musicbox, Lisboa (evento oficial)
14 de Dezembro - Maus Hábitos, Porto (evento oficial)
19 de Janeiro 2019 - Avenida, Aveiro (evento oficial)
É assim que se inicia PLÁSTICO, o disco de mudança de paradigma e chegada à idade adulta. É desta forma que os Glockenwise dão o “Corpo” a um manifesto pela música portuguesa mais interessante, arrojada e contagiante que se fez este ano e nos preparam para abraçar um disco notável.
Desde logo porque confirma a inteligência e a capacidade lírica e técnica de deixar para trás três discos de originais em inglês, e investir na língua portuguesa como forma de expressão de um discurso pós-moderno, reflectido, crítico e descentralizado. Portugal não é só Lisboa, também há Barcelos! E Braga, Coimbra, Faro, Aveiro, Leiria, Évora e até Beja, imaginem… Ainda que «A crítica em Lisboa assobia para o lado / Toda a gente caga pinta e um programa de rádio / Espreme lá mais conteúdo / O mundo está com pressa / Já que sobram poucas vidas / Para fazer conversa” (em “Bom Rapaz”).
O tema-título dá-nos o mote, “Plástico”, e Nuno Rodrigues explica em entrevista à Blitz Rádio:
"A plasticidade aqui é em dois sentidos diferentes: um metafórico, que tem a ver com a ideia do desenraizamento, da plasticidade das relações e da forma como nos apresentamos em público e mesmo nas nossas vidas privadas e o outro tem a ver com a ideia de plasticidade das artes, a ideia do plástico de artes plásticas. Isso no fundo tem a ver com as temáticas mais abrangentes do disco, a ideia é falarmos sobre questões do pós-modernismo.
O disco tem muitas nuances, eu julgo que de todas esta fosse a que sintetizasse melhor em primeiro lugar a transição que nós fizemos para este tipo de sonoridade – acho que ainda é evidente que se trata de nós, que somos nós – mas que houve intenção de partir noutras direcções. E talvez esta pela dimensão que tem e pelas características mais aguerridas fosse a melhor porta-estandarte desta nova fase."
“Plástico” verte (palavra a Norte…) ironia e humor sobre a espuma dos dias do teatro de papelão de protagonistas com que nos cruzamos diariamente que “Fazem um ar zangado de quem não quer falar / Cruzam os olhos de lado com medo de espreitar / Têm cuidado no passo / Graça de artista só / Muitas manias no trato / A mim só me dá dó”. Com as mais valias do saxofone de Julius Gabriel e a guitarra de Alexandre Soares, os dados estão lançados e os ouvidos conquistados. Por esta altura, já se percebeu que estamos perante canções de primeira água, música e letras desassombradas e capazes de equilibrar a urgência e a força do rock com letras contundentes, elegantes, refinadas e sinceras.
“Moderno” confirma a tendência e é mais um subsídio para a consolidação da nova música portuguesa, criativa e sem constrangimentos, capaz de nos fazer dançar e inspirar, e rebentar “a bolha do país-festival”, sabendo que “A realidade só complica / E está cravada de sal”… Em “Dores”, uma inesperada caixa de ritmos, uma linha de baixo cheia de groove e borboletas electrónicas a cintilar, atravessam muralhas sonoras cimentadas a guitarras distorcidas, enquanto brotam mais uma mão cheia de versos que ficam na memória e são passíveis de citação “A causar impressões sou atleta / E tenho muito para da r/ Tantas pontas soltas /Eu tenho para atar / Mas nem troco certo / Eu tenho para dar / De amargo eu já nem sinto / Que ideia é que eu pinto / Eu tenho muito para dar” E têm, mesmo!
Por exemplo, uma das melhores canções de amor da sua geração, “Sempre Assim”, ao som da qual “Pouco tempo para ficarmos sós / É melhor que nada / Prometemos mas não damos nós / Nem compramos casa / Juntamos trapos / Fazemos ceia / Ficamos fracos/À sexta-feira / Fazemos asneiras / Temos medo de ficar para trás / Ficar sem ideias / Sonhamos alto / A noite inteira / Poupamos largo / Semana e meia / E que seja sempre assim / Que o que é melhor para ti / Também é melhor para mim”.
Ao vivo vão dar tudo, e para além das 9 canções que fazem do novo “Plástico” um dos melhores discos portugueses de sempre, há ainda uma mão cheia de temas clássicos indispensáveis a qualquer concerto dos Glockenwise, que estão diferentes, melhores, mas não esqueceram o passado.
ALINHAMENTO DO DISCO
1. Corpo
2. Plástico
3. Moderno - vídeo
4. Dores
5. Sempre assim
6. Muito para dar
7. Dia feliz
8. Obra
9. Bom rapaz
Sem comentários:
Enviar um comentário