Chega em 2020 o novo disco de originais dos Três Tristes Tigres. Depois da reunião a convite do Teatro Rivoli e do ciclo de concertos que cortou o afastamento dos palcos, os Três Tristes Tigres apresentam Galanteio, um tema que actualiza o espírito e linguagem própria do grupo e antecipa o longa duração com data prevista de saída para o primeiro trimestre do próximo ano.
Autores de alguma da mais intemporal música que conhecemos, a dupla Ana Deus e Alexandre Soares há muito que conquistou um lugar no pódio do imaginário cultural português. Da palavra cantada à dita, dos projectos a solo à continuidade de colaboração em Osso Vaidoso, os autores de O Mundo a Meus Pés são, por mérito próprio, dois dos mais criativos autores nacionais da última década, na música e nas fronteiras de cruzamentos desta com a dança, o teatro ou a literatura. O novo tema, que interrompe um hiato de dezassete anos na criação de originais, capitaliza nessa história inquestionável, sem saudosismos ou repetições. De um lado, encontramos as guitarras de Alexandre Soares, a jogarem entre a vertente mais crua e eléctrica e acústica espacial, do outro a voz de Ana Deus a transportar, de forma livre, os textos de Regina Guimarães para as partes sensíveis, as minorias e as coisas que sussusurram. Entre a profecia e a oração, a letra enuncia desejos de cura e de evolução, embalada por sintetizadores modulares, samplers granulares e percussão acústica.
Ao vivo, os Três Tristes Tigres são Ana Deus (voz), Alexandre Soares (guitarras/harmónica), Miguel Ferreira (teclados/programações), João Pedro Coimbra (percussão e sampler) e Rui Martelo (baixo).
Três Tristes Tigres: O Antes e o Agora
Os Três Tristes Tigres (TTT) nasceram nos idos de 1990, à volta de um gravador de cassetes rasca. Ana Deus vinda dos BAN e Regina Guimarães fabricavam informalmente colagens e canções, antes da formação que dará origem ao primeiro CD. Os primeiros concertos, no bar Aniki-Bobó (Ana Deus e Paula Sousa ao vivo, Regina Guimarães ao morto) assemelhavam-se a um cabaret pop, entre o poético e o corrosivo. PARTES SENSÍVEIS, de 1993, será o rasto da primeira configuração dos TTT.
Aprofunda-se então a colaboração entre Ana Deus e Alexandre Soares um ex-GNR que entretanto se juntara à banda como músico convidado. Com a alteração do som dessa aventura artística nascerão dois CDs de originais – GUIA ESPIRITUAL (1996) e COMUM (1998) – e uma compilação, VISITA DE ESTUDO, que contém revisitações, algumas distanciadas, de composições anteriores. Além das digressões ligadas à divulgação dos discos, o pequeno planeta TTT produziu objectos de formatos variados, nomeadamente o concerto «Ferida Consentida» (1999, em torno do livro «Um beijo dado mais tarde» de Maria Gabriela Llansol), canções para filmes de Saguenail e de João Canijo.
O grupo reune-se novamente em 2017 a convite do Teatro Rivoli no Porto, para tocar o álbum “Guia espiritual” que em 1996 juntamente com o prémio “Melhor grupo nacional” para os 3TT foi considerado “Disco do ano” nos prémios, do então Jornal, Blitz.
Juntando-lhe temas do álbum que se seguiu em 1998 “ COMUM “ e com arranjos que aproximam a sua interpretação à visão actual dos músicos, têm tocado regularmente enquanto preparam um novo disco a sair no primeiro trimeste de 2020.
Ana Deus e Alexandre Soares mantêm também até hoje, uma relação de trabalho com projectos ligados ao Cinema Teatro e Dança, e no colectivo “Osso Vaidoso” com 2 álbuns editados em 2011 e fim de 2016, com uma forte componente ligada à poesia e a instrumentação minimal, no essencial baseada em trabalho de guitarra e electrónica.
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