Em Maio ouvíamos pela primeira vez "Sol", seguindo-se "Amália, Meu Amor", "Verde" e agora "Ela Sabe". No total somam-se quatro canções, todas com um tanto de nostálgico como de actual, de profissional como de DIY, e de um Indie Rock ímpar na língua portuguesa. Todas ligeiramente diferentes, sendo "apenas" semelhantes na sua simplicidade e em como tudo parece fazer sentido na composição sólida do trio Simão Reis, JAntonio e Diogo Faísca. Se "Verde" nos puxava para uma vertente mais punk, "Ela Sabe" traz-nos uma melancolia única e pela primeira vez uma vertente electrónica presente nas drum machines que por si só "cantam" o refrão.
Quem é "Ela" ? Para quem está Rei Marte a cantar há 4 músicas? Será a mesma Amália de "Amália, meu Amor"? Será a sua Lisboa, que acolheu Simão já há um ano? O que será que aconteceu em 2020 - ano apelidado por muitos de "desastroso" - que tem dado aso a este amor que move uma banda na direcção oposta à do mundo e que, incrivelmente, parece fazer sentido?
Rei Marte afirmou em entrevista à Rádio Observador que "não têm nada a perder" mas ... Quem será Rei Marte?
São muitas as perguntas, e as respostas vão chegando aos poucos. Em "Ela Sabe", Rei Marte cantam sobre uma melancolia presente no amor a uma cidade que pode muito bem ser Lisboa. No vídeo vemos elementos da banda a percorrer as paisagens urbanas da cidade deixando por toda a parte as mensagens presentes na música, numa espécie de monólogo em cortesia a um amor que têm em comum. Amor esse que perante as dificuldades presentes em 2020 tende agora a afastar os elementos da sua génese de criação em Lisboa. Um afastamento que será provisório, certamente, mas que apenas intensifica esta paixão genuína por uma cidade rica em fontes de inspiração, e amor.
Rei Marte está a tomar de assalto o mundo da música indie nacional - e faz já parte do exclusivo grupo de bandas com dois singles a rodar em simultâneo na playlist editorial do Spotify "Indie Lusitano" - e não parece ter intenções de parar.
Agora sediado em Lisboa, este rei conta com um renovado espaço no seu enorme coração para fazer crescer o poeta desgarrado, as melodiosas e contemporâneas guitarras e uma eminente bateria.
Rei Marte intercala a lírica romântica com a contemplação instrumental própria dos anos 90 do indie rock português. E soa sempre viajante, ao ponto de deixar o ouvinte perder-se inesperadamente até se voltar a sentir na sua casa sentimental.
**As fotografias são da autoria de Catarina Moreno e Inês Moura.
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